Natasha Santos

Vacinação obrigatória em crianças

O Novo Direito

Natasha Santos

Publicado

há 2 anos

em

Vacinação obrigatória em crianças

Divulgação/PMMC

Com o início da vacinação em massa de crianças contra a Covid-19, e, tendo em vista que ainda não houve, por parte do Ministério da Saúde, posicionamento até agora acerca da obrigatoriedade ou não da vacinação contra o coronavírus, abriu-se a possibilidade de que adultos que são contrários à campanha não se vacinassem.

Contudo, com a grande evolução na quantidade de adultos vacinados, inclusive com a terceira dose da vacina, o Brasil e outros países já iniciaram a vacinação de crianças. E eis que surge uma nova problemática: crianças são consideradas absolutamente incapazes de responder pelos atos da vida civil. Logo, não podem decidir se querem ou não se imunizar contra a doença. Portanto, caberia aos pais ou responsáveis legais “decidir” acerca da imunização dessas crianças que estão sob sua guarda.
Iniciamos, com isso, um cenário em que crianças e adolescentes estão sendo vacinados de acordo com a decisão dos pais e, muitas vezes, estes sendo contrários à vacina, decidem por agir de igual modo para com os filhos, seguindo a lógica de que a eles cabe decidir o melhor para a criança.
Contudo, os pais não detêm poder absoluto sobre os filhos. Em Ribeirão Preto, na Vara da Infância e Juventude, já temos recente decisão que demonstra um provável posicionamento pacífico entre o sistema judiciário brasileiro. O magistrado dr. Evandro Pelarin proferiu decisão baseada no Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, consignando que a vacinação de crianças contra a Covid-19 é obrigatória, não cabendo aos pais decidirem a respeito disso sobre os filhos, pois estes têm seus direitos tutelados pelo ECA.

Em sua decisão, também afirma que pais que deixarem de vacinar seus filhos poderão ser penalizados com multa, processados e até mesmo perder a guarda do menor. Apenas em Ribeirão Preto, já tramitam seis processos sobre a matéria - de pais que se recusam a vacinar os filhos.
Em breve, deverá haver uma pacificação da temática, que deverá se estender a todo o País, e, de acordo com a tendência do sistema Judiciário, é bem provável que a vacinação de crianças e adolescentes seja obrigatória. 

Advogada pós-graduada em Direito administrativo e constitucional, Natasha Santos, 29 anos,  irá, semanalmente, escrever sobre diversos assuntos jurídicos.

Com passagem pela Câmara Municipal de Guararema e Câmara dos Deputados, em Brasília, atualmente trabalha em São Paulo, como advogada especializada em direito público e eleitoral.