Natasha Santos

Propostas de Lei Formuladas pelo Cidadão

O Novo Direito

Natasha Santos

Publicado

há 1 ano

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Propostas de Lei Formuladas pelo Cidadão

Possibilidade pouco conhecida, mas garantida através da nossa própria Constituição Federal, em seu artigo 14, inciso III, regulamentada pela Lei nº 9.709/1998, é a possibilidade de os cidadãos, através da iniciativa popular sugerir uma proposta de lei ao Senado Federal.

Para que a proposta de lei sugerida por iniciativa popular seja avaliada pela Câmara dos Deputados ela deverá ser subscrita por, pelo menos, um por cento do eleitorado nacional, distribuído por ao menos cinco Estados, com não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles.

Ou seja, claramente, para que a proposta de lei seja analisada, ela precisa demonstrar grande relevância nacional e grande interesse da população de todo o país, por isso as regras de percentuais e distribuição de eleitorado tão complexas. 

Um dos casos mais conhecidos de lei de iniciativa popular é uma alteração na Lei de Crimes Hediondos, Lei nº 8.072, de 1990. Referido caso teve início pela novelista Glória Perez em 1993, através de um abaixo-assinado de abrangência nacional para que o crime de assassinato fosse inserido no rol de crimes hediondos, o que até então não era considerado. Glória conseguiu 1,3 milhões de assinaturas em três meses e entregou o projeto ao Congresso Nacional para avaliação. 

Em 1994, os parlamentarem aprovaram o projeto de lei apresentado por Glória e subscrito por 1,3 milhões de brasileiros que desejavam alteração no crime de assassinato, tornando-o mais gravoso.  Assim, o crime de homicídio qualificado transformou-se em crime hediondo, com penas que não podem ser abrandadas.

Atualmente, o Senado Federal possui uma ferramenta on-line que possibilita aos cidadãos que sugiram aos parlamentares propostas de lei oficialmente. A ferramenta conta ainda com a contabilidade de subscritores de sua sugestão de lei.

Advogada pós-graduada em Direito administrativo e constitucional, Natasha Santos, 29 anos,  irá, semanalmente, escrever sobre diversos assuntos jurídicos.

Com passagem pela Câmara Municipal de Guararema e Câmara dos Deputados, em Brasília, atualmente trabalha em São Paulo, como advogada especializada em direito público e eleitoral.