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Especialista descarta reflexos de fechamento de Barragem da Penha em Guararema

Danilo Augusto Faria é engenheiro ambiental e esclarece as principais dúvidas da população

Redação

Publicado

há 4 anos

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Especialista descarta reflexos de fechamento de Barragem da Penha em Guararema

São Paulo enfrentou, na última semana, um verdadeiro caos, devido ao grande volume de chuva registrado no município como transbordamento dos rios Tietê e Pinheiros, além de alagamentos em diversos pontos da cidade. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), na madrugada de segunda-feira (10/02), o temporal que atingiu a Capital somou 114 milímetros, sendo essa a maior chuva para o mês de fevereiro em 34 anos.

Com os inúmeros estragos contabilizados e a previsão de chuvas durante toda a semana, o Governo do Estado anunciou o fechamento das comportas da Barragem da Penha, o que colocou a região do Alto Tietê em alerta para os possíveis reflexos negativos aos municípios que compõem a região.

A notícia também causou preocupação aos moradores de Guararema, que procuraram a reportagem do jornal O Novo questionando se a medida também interferia no Ribeirão Guararema, que nasce em Mogi das Cruzes e passa por Guararema nos bairros de Luís Carlos e Nogueira.

Para esclarecer os fatos, a reportagem entrevistou o Engenheiro Ambiental Danilo Augusto Faria, que é Mestre pela Universidade Estadual Paulista (UNESP), foi engenheiro do Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado de São Paulo (DAEE) e, atualmente, é consultor ambiental na Prefeitura de Guararema.

 

Confira a entrevista:

 

O fechamento das comportas da Barragem da Penha, anunciado pelo Governo do Estado nesta semana, pode afetar Guararema?

“O fechamento das comportas da Barragem da Penha não afeta o município de Guararema, porque esta barragem está localizada na Bacia do Alto Tietê. Já Guararema está situada na Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul. Dessa forma, as águas que drenam para esta bacia não têm ligação com o município”.

 

De onde vem e para onde vão as águas do Ribeirão Guararema, que passa pelo bairro Nogueira?

“A Bacia Hidrográfica do Ribeirão Guararema possui cerca de 70 km². Sua região de cabeceira está inserida no município de Mogi das Cruzes e sua foz no Rio Paraíba do Sul, em Guararema. O curso d´água principal, que é o ribeirão Guararema, possui uma extensão de 21 km, com início na porção de cabeceira e seu final no Rio Paraíba do Sul. Isto é, percorre, por meio da área urbana de Guararema, especificamente os bairros de Luís Carlos e Nogueira”.

 

As chuvas que caem em Mogi das Cruzes interferem em Guararema?

“Sim, porque as chuvas que caem em Mogi, especificamente nos bairros de César de Souza e no Distrito de Sabaúna, interferem na vazão do Ribeirão Guararema. Afinal, sua Bacia Hidrográfica de cerca de 70 km² abrange parte do território de Mogi das Cruzes”.

 

O que poderia ser feito, tecnicamente, para evitar que o Ribeirão Guararema transborde?

“As ações que cabem à Prefeitura de Guararema se dividem em curto, médio e longo prazo. Desde 2009, antes do evento das chuvas registrado no dia 1 de janeiro de 2010, a Prefeitura já havia contratado o Plano de Macrodrenagem. Esse plano norteou as ações de curto prazo que foram executadas ainda em 2010, como: o alteamento na travessia de carros no bairro Nogueira; a construção de uma travessia somente para pedestres; o revestimento das margens do Ribeirão Guararema no trecho do bairro Nogueira; bem como a realização de serviços de desassoreamento. Por sinal, o desassoreamento vem sendo realizado anualmente, sempre no final do período de estiagem, com o objetivo de deixar a calha preparada para o período chuvoso.

Estes estudos vêm sendo aprofundados e detalhados para conduzir as ações de médio e longo prazo, considerando a possibilidade de intervenções estruturais. É importante frisar que há um acompanhamento diário do volume do Ribeirão na região do Nogueira, por meio do monitoramento do Centro de Segurança Integrada (CSI).”