Projetos com Mídias e Tecnologias

O reconhecimento move os professores. Mais do que elogios, buscamos que a sociedade compreenda nossa função e o esforço para consolidar os propósitos educativos. Isso exige ensino, pesquisa e extensão, apoiados em estudos teóricos e práticos, que se transformam em aulas planejadas, projetos estruturados e propostas significativas para toda a comunidade escolar, representada pelos alunos, familiares e moradores do território onde a escola está inserida.

Premiações nacionais e regionais cumprem papel essencial ao dar visibilidade às práticas docentes que, muitas vezes, permanecem restritas às salas de aula. Participar desses prêmios, independentemente da colocação, significa levar a dinâmica da educação a outros patamares e representar toda a classe.

Um exemplo foi o 2º Prêmio Inova Educação, promovido pelo Condemat+, que reuniu 36 projetos de 14 cidades do Alto Tietê, divididos entre Práticas de Gestão e Práticas Pedagógicas, em eixos para municípios com mais e menos de 100 mil habitantes. O tema deste ano foi "Educação e Cultura Digital: Oportunidades e Desafios", resultando em quatro grandes vencedores.

Entre os finalistas, esta colunista esteve na categoria Práticas Pedagógicas – Municípios até 100 mil habitantes, com o projeto “Entre o Digital e o Presencial: Quem é você na vida real?”, que trabalhou a identidade infantojuvenil diante das influências virtuais, com meus alunos de Guararema. Estas iniciativas nos ajudam a mostrar nosso compromisso com a educação. É, também, uma forma de representar os profissionais que seguem fazendo o melhor para garantir aprendizados significativos.

Parabéns aos autores dos 36 projetos e, em especial, às redes vencedoras: Biritiba Mirim, Ferraz de Vasconcelos, Itaquaquecetuba e Salesópolis. Que essas ações continuem revelando a criatividade, a inovação e a intencionalidade pedagógica que fortalecem a educação regional e nacional.

Com o avanço das tecnologias digitais, o conceito de cidadania ganhou novas dimensões. Hoje, ser cidadão também significa saber se comportar nas redes sociais, proteger dados pessoais, combater a desinformação e respeitar os outros em ambientes virtuais. A cidadania digital envolve competências como empatia on-line, segurança da informação, ética na produção de conteúdo e discernimento frente às fake news.

Para que essa cidadania se torne realidade, é fundamental investir em ações educomunicativas, ou seja, norteadas pela Educomunicação. Trata-se de uma área que propõe uma educação por meio da comunicação, a fim de estimular o protagonismo dos estudantes com o estímulo à expressão, à produção autoral e à mobilização de temas emergentes e pertinentes ao seu território, fazendo uso – com criatividade – dos recursos midiáticos e tecnológicos. E vai além! Estas propostas visam orientar os estudantes quanto à nova cultura na qual estão imersos: a digital.

Várias atividades podem ser desenvolvidas para incentivar a cidadania no universo virtual, dentre elas: debates sobre ética digital e discurso de ódio; produção de podcasts e vídeos sobre segurança on-line; análise crítica de notícias e mídias sociais; campanhas escolares contra o ciberbullying; jogos e simulações sobre privacidade e reputação digital.

Essas práticas favorecem o desenvolvimento de uma consciência crítica sobre o uso da tecnologia, além de promoverem o diálogo, a criatividade e o trabalho colaborativo. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) já reconhece a importância da cultura digital como competência essencial, e diversos planos de aula estão disponíveis para apoiar educadores nessa missão.

A continuidade dessas ações exige o envolvimento de toda a comunidade escolar, políticas públicas de inclusão digital e formação continuada de professores. Assim, a cidadania digital deixa de ser apenas um conceito e se transforma em uma vivência cotidiana, preparando os jovens para atuarem com responsabilidade e autonomia no mundo conectado.

Entre os dias 27 e 31 de outubro de 2025, aconteceu a 3ª Semana Brasileira de Educação Midiática (SBEM), com o tema central “Mobilizar uma geração para a cidadania digital”. A iniciativa, promovida pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom) em parceria com o Ministério da Educação (MEC), Unesco, Undime e Consed, propôs um amplo debate nacional sobre as competências necessárias para viver, aprender e atuar em um mundo cada vez mais conectado.

A SBEM se consolida como um espaço de diálogo, mobilização e formação, reunindo educadores, estudantes, comunicadores e organizações da sociedade civil para refletir sobre os desafios e oportunidades da educação midiática. A proposta é clara: preparar as novas gerações para interagir criticamente com o ambiente digital, combatendo a desinformação, compreendendo os algoritmos e utilizando as tecnologias de forma ética, segura e criativa.

A Educação Básica ocupa papel central nesse movimento. As redes de ensino devem revisar seus currículos até o final de 2025 para incluir competências relacionadas à leitura crítica das mídias, ao uso responsável da tecnologia e à formação para a cidadania digital.

Esse avanço curricular é essencial para que professores e alunos desenvolvam habilidades de análise, produção e participação ativa nos ambientes digitais. A escola, como espaço privilegiado de formação, precisa incorporar práticas que estimulem o pensamento crítico, a criatividade e o respeito à diversidade informacional.

A cidadania digital não é apenas uma competência técnica, é uma dimensão ética e política da educação. Ao promover esse debate nos espaços educativos, especialmente na Educação Básica, estamos fortalecendo a democracia, ampliando o acesso à informação de qualidade e formando sujeitos capazes de participar ativamente da vida pública.