José Freire

No Topo do Morro

José Freire

Publicado

há 4 anos

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No Topo do Morro

Vaidade das vaidades, tudo é vaidade, ensina o livro do Eclesiastes. Essa frase adquire contornos concretos e vibrantes no século XXI com o triunfo da sociedade do consumo. Afinal, buscamos de forma desenfreada a exposição pelas redes sociais e sucesso material. Se a vaidade é de fato um vício, qual seria o remédio para combater a fatuidade oriunda busca desenfreada por louvores humanos? A resposta é simples: humildade; mas, o que significa “humildade”?  Humildade significa enxergar a nós como realmente somos. Explico-me. José Ortega y Gasset escreveu: “o olho não vê a si mesmo”; ou seja, para enxergar quem realmente somos, precisamos olhar para nós mesmos com os olhos de outra pessoa. Evidentemente, os “olhos” aos quais me refiro não são os do nosso corpo, mas os da nossa alma. “Antes mesmo de te formar no ventre materno, Eu te escolhi” (Jr 1:5).

Não seria uma boa ideia pegar emprestados os olhos daquele que nos escolheu, para enxergar nossa alma? Afinal, sendo Ele o observador onisciente de nossa história, ninguém melhor do que Deus para nos revelar quem somos. Contudo, como olhar para si mesmo com os olhos de Deus? Tomemos o seguinte exemplo: imagine-se no mirante localizado no Morro do Gerbásio. De lá, imagine que há duas pessoas andando lado a lado na rua Marcondes Flores: uma de 1,60 m e outra de 2,00 m. Daquele ponto, os 40 cm de diferença entre elas quase desaparecem. O distanciamento da realidade quotidiana proporcionado pela incursão a um ponto mais alto diminui as diferenças que para nós são marcantes na agitação do dia-a-dia. Acredito que Deus olha para cada um de nós de uma maneira semelhante: por ver toda a realidade de uma só vez, Deus sabe de tudo que se passa.

Dentro desse esquema, qualquer situação, por mais única, terrível ou alegre que seja, é menor do que um grão de areia aos Seus olhos. Nesse contexto, como fica o homem? Aqueles 40 cm são deixados de lado. Assim, sendo feios ou belos, cultos ou incultos, negros ou brancos, desleixados ou cuidadosos, esses detalhes não importam diante da pequenez de cada um e da grandeza de Deus. Percebemos então quão pueris tornam-se a vaidade e o orgulho. Ainda que humanamente alcancemos méritos que aos nossos olhos são gigantescos (um bom emprego, homenagens, fama etc) isso são migalhas que em nada se comparam com a grandeza e o amor de Deus por nós. Descobrimos então o significado de humildade: enxergar a nossa pequenez diante da grandeza de Deus. Isso nos tira da posição de tentar ser como deuses, e abre os caminhos da paz e liberdade interior. 

José Freire Nunes é  um jovem de 24 anos, que se formou na Universidade de São Paulo (USP) no ano de 2016 no curso de Direito. Atualmente, atua como mentor educacional. Freire, fez cursos no Canadá, Estados Unidos e Inglaterra.  Os cursos consistiram em seminários de verão de 4 dias a até 15 e cursos de inglês de até 4 semanas. 
Os cursos ocorrerem na Universidade de Cambridge (UK), Universidade de Harvard, Universidade de Yale e Bryn Mawr College.