José Freire

Le Chambon

José Freire

Publicado

há 5 anos

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Le Chambon

Era o ano de 1941: os nazistas tomaram controle da França e instituíram um governo em Vichy, que ficou conhecido por sua cooperação com os alemães. Posteriormente, o general De Gaulle se tornaria famoso por organizar “La Résistance”, responsável por apoiar os Aliados (Estados Unidos, Inglaterra e URSS) na campanha militar contra Hitler durante Segunda Guerra Mundial.  Entretanto, naquele ano, um vilarejo do interior da França chamada “Le Chambon” organizava um outro tipo de resistência... Uma refugiada da Europa Central entrou numa fazenda em Le Chambon para comprar ovos. Na época, a comida era racionada e os preços cobrados no mercado negro eram elevadíssimos. Assim, ela esperava obter um preço inferior obtendo-os diretamente com algum fazendeiro.

Essa refugiada foi recebida pela esposa do fazendeiro. Após trocar algumas palavras e olhar atentamente a visitante, aquela arregalou os olhos e pergunto a esta: “Você é judia?”. Imaginem o terror que a refugiada judia sentiu ao pensar que seria denunciada aos nazistas. Contudo, surpreendentemente, a esposa do fazendeiro deu um grito chamando seu marido e seus filhos: “Pai, crianças. Venham para baixo. Temos hoje em nossa casa uma representante do Povo Escolhido!”.  Essa atitude não foi rara no ano de 1941 e nos seguintes. Dentre os habitantes de Le Chambon, encontrava-se Madga Grilli Trocmé, casada com um pastor huguenote. Durante a Segunda Guerra Mundial, ela, assim como inúmeros habitantes do vilarejo, esconderam centenas de refugiados judeus em suas casas, dividindo com eles sua parca comida, suas acomodações modestas e sua esperança de que um dia a Guerra terminasse.  Por que alguém faria isso? Ou seja, o que leva uma pessoa a colocar a vida de todos os habitantes de um vilarejo em risco para acolher estranhos incapazes de proporcionar algo em troca?  “Amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei” (Jo 15,12).  A Sra. Magda viveu o mandamento de Cristo, as grandes virtudes da generosidade e compaixão, com uma radicalidade que causa espanto a nós, acostumados à tibieza de uma vida aburguesada.

Diferentemente do que se pode pensar, quando questionada sobre o motivo pelo qual acolhia judeus em sua casa, ela simplesmente respondia: “Era preciso ser feito”; uma bondade simples e pura. “Eu sou uma pessoa boa, não faço mal a ninguém”, ouve-se muitas vozes assim no século XXI; no século XXI, os habitantes de um vilarejo minúsculo da França não disseram nada: amaram uns aos outros como Cristo os amou. 

José Freire Nunes é  um jovem de 24 anos, que se formou na Universidade de São Paulo (USP) no ano de 2016 no curso de Direito. Atualmente, atua como mentor educacional. Freire, fez cursos no Canadá, Estados Unidos e Inglaterra.  Os cursos consistiram em seminários de verão de 4 dias a até 15 e cursos de inglês de até 4 semanas. 
Os cursos ocorrerem na Universidade de Cambridge (UK), Universidade de Harvard, Universidade de Yale e Bryn Mawr College.