Guararema

A Proximidade da Distância

José Freire

Publicado

há 5 anos

em

A Proximidade  da Distância

Muitos já tiveram a experiência de pegar um livro e ter dificuldades de ler as palavras, seja por um defeito na visão ou pelo tamanho diminuto da fonte. Consequentemente, o que o leitor faz? Ele aproxima o livro do seu campo de visão e problema resolvido.
Entretanto, existe um problema com isso. Num determinado ponto, quanto mais você se aproxima do livro, mais difícil se torna ler as palavras. Não é verdade? Embora a proximidade facilite a leitura, chega-se a um ponto no qual a proximidade excessiva não somente dificulta, mas, em última instância, inviabiliza a leitura.
A constatação desse fenômeno serve de analogia para entender a maneira como enxergamos o mundo a nossa volta.
Muitas vezes, passamos dias quebrando a cabeça tentando resolver algum problema de ordem pessoal, financeira ou profissional sem obter sucesso. Pensamos e repensamos incontáveis vezes sem obter nenhum esclarecimento e, inclusive, ficamos com a sensação de que o problema só piorou.
Ou seja, estamos tentando ler o livro aproximando-nos demais dele e, com isso, a leitura se torna impossível. Qual é a solução? Distanciar-se do problema. Como fazer isso?
Se você não quiser pensar no seu trabalho e ficar repetindo “Não pensarei no meu trabalho” você já errou, porque quando você diz que não quer pensar no seu trabalho isso significa que você já está pensando nele.
O remédio não consiste em não pensar naquilo que você quer evitar, mas descansar. Ou seja, dedicar sua atenção a atividades que requeiram um tipo diferente de esforço e foco. Exemplo: a atenção que se deve ter num jogo de tênis é diferente daquela de um bancário em seu trabalho.
Ou seja, uma atividade extenuante como tênis pode se converter num descanso dependendo da finalidade com que ela é realizada.
Falando de uma experiência pessoal, somente estando no Rio de Janeiro que comecei a entender no que constitui minha identidade como paulista. Apesar de ser incapaz de articulá-la, a minha presença entre cariocas já é suficiente para despertar em mim e neles a convicção de que existe algo distinto em mim com relação a eles e vice-versa.
Ou seja, foi necessário distanciar-me de São Paulo para começar a perceber aquilo que há de São Paulo em mim.
Disso, tiramos uma conclusão aparentemente paradoxal: é necessário distanciar-se em alguma medida do objeto que você quer conhecer para compreendê-lo melhor.
Curioso, não? E você, do que você está precisando se distanciar para conhecer melhor em sua vida?

José Freire Nunes é  um jovem de 24 anos, que se formou na Universidade de São Paulo (USP) no ano de 2016 no curso de Direito. Atualmente, atua como mentor educacional. Freire, fez cursos no Canadá, Estados Unidos e Inglaterra.  Os cursos consistiram em seminários de verão de 4 dias a até 15 e cursos de inglês de até 4 semanas. 
Os cursos ocorrerem na Universidade de Cambridge (UK), Universidade de Harvard, Universidade de Yale e Bryn Mawr College.