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Especialistas alertam sobre o “desafio do desodorante”

Prática pode causar inflamações e queda na oxigenação

Fabrício Mello

Publicado

há 1 ano

em

Especialistas alertam sobre o “desafio do desodorante”

Foto: Telemundo

Nesta semana, em Valinhos, um menino de 8 anos morreu em decorrência de uma intoxicação causada por uma brincadeira chamada “desafio do desodorante”, que consiste em inalar o gás do desodorante aerossol pelo maior tempo que a pessoa conseguir. Em agosto deste ano, um menino de 10 anos, em Minas Gerais, também foi vítima da brincadeira e, em 2018, uma criança de 7 anos de São José dos Campos também morreu por tentar o desafio.

A equipe do O Novo conversou com os especialistas Gleison Guimarães, médico pneumologista e professor universitário, e Lucia Haboba, professora e coordenadora do curso de Enfermagem da Estácio, para entender os efeitos e os riscos da brincadeira.

Segundo Guimarães, diversas substâncias como o triclosan, propilenoglicol, parabenos, ftalatos de dimetila e alumínio, presentes nos desodorantes aerossóis, podem gerar diversas reações negativas no corpo. Entretanto, durante a inalação, o risco - e os danos - são potencializados.

“Com todas essas substâncias, se eu pego e faço uma manobra de inalação contínua, eu aumento muito, e potencializa o risco dessas substâncias gerarem, por via aérea, uma reação inflamatória. São substâncias mediadas por gás etílico, então elas são altamente absorvidas nas membranas celular”, alerta o pneumologista.

Ainda sobre os riscos, a professora Lucia alerta também que as obstruções causadas pelas reações às substâncias podem ser fatais para quem pratica o desafio. “Pequenas dosagens já podem provocar essa reação, mas maiores tempos de exposição e em maior quantidade, causam lesões maiores, inclusive internas. O maior risco é a falta de oxigenação dos tecidos pulmonares, levando a deficiência na oxigenação na corrente sanguínea”, ressalta a especialista.

Outro fator destacado pelos profissionais em relação às reações provocadas pela inalação do desodorante é a sua recepção no corpo.

“A inalação não vai promover nada. Ao contrário do cigarro eletrônico ou convencional, que desenvolve uma dependência química da substância, [essa inalação] não promove uma sensação de prazer ou de bem-estar”, explica Guimarães.

Por fim, a recomendação, caso algum responsável encontre o jovem praticando a “brincadeira” é acionar a emergência.

“No caso de perceber crianças ou jovens que tenham feito essa brincadeira, leve imediatamente ao hospital para que seja feito um processo inalatório e talvez um processo de remoção dessa substância que foi levada até o pulmão”, recomenda Lucia.