Ciência e Saúde

Uso de cigarro eletrônico pode causar infarto e síndrome coronariana aguda

Apesar de proibido, equipamento está em sua quarta geração e vem se popularizando entre jovens

Redação

Publicado

há 2 anos

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Uso de cigarro eletrônico pode causar infarto e síndrome coronariana aguda

Daniel Teixeira / Estadão

O equipamento conhecido como cigarro eletrônico, ou vape, está na quarta geração e seu uso vem crescendo, principalmente entre os jovens, em ambientes de festas, bares e restaurantes, mesmo sendo proibido no Brasil. O equipamento gera partículas que conseguem penetrar e ultrapassar a barreira dos alvéolos pulmonares e chegar a corrente sanguínea, o que causa uma reação similar a uma inflamação no corpo.

"Muitas vezes, quando a inflamação acontece na parede do endotélio, que recobre as artérias, ele pode ser lesionado e deflagrar eventos cardiovasculares agudos, como infarto e síndrome coronariana aguda. A nicotina também tem influência no coração, porque aumenta a frequência cardíaca e a pressão arterial", explica Jaqueline Scholz, especialista da SBC (Sociedade Brasileira de Cardiologia) em ações contra o tabagismo.

A síndrome coronariana é um conjunto de sinais e sintomas relacionados à obstrução de uma artéria coronária que pode ser causada por um infarto ou por uma angina instável. 

A versão eletrônica expõem o usuário a diversos de elementos químicos gerados de formas diferentes: uma pelo próprio dispositivo (nanopartículas de metal) e a outra com relação direta com o processo de aquecimento ou vaporização, uma vez que alguns produtos contidos no vapor de cigarros eletrônicos incluem carcinógenos conhecidos e substâncias citotóxicas, potencialmente causadoras de doenças pulmonares e cardiovasculares.

O efeito protetivo que se imaginava que o cigarro eletrônico pudesse ter, não se confirma. Em países que adotaram esses produtos, há um crescente aumento de eventos cardiovasculares na população abaixo de 50 anos.

Antes da pandemia de covid-19, os Estados Unidos registraram 2.800 internações e 68 óbitos de jovens, 70% deles tinham menos de 34 anos de idade. Eles foram diagnosticados com a síndrome chamada Evali, sigla em inglês para doença pulmonar associada ao uso de produtos de cigarro eletrônico.

Hoje, sabe-se que a mistura que mais causa Evali é composta por vitamina E, THC (principal componente ativo da maconha) e nicotina. Em 30% dos usuários, a utilização somente da nicotina já foi capaz de causar a doença.

"Diferentemente do cigarro convencional, que demora às vezes 20 ou 30 anos para manifestar doenças no usuário, o cigarro eletrônico, que prometia segurança, foi capaz de matar jovens rapidamente", aponta Scholz.

Vale lembrar que o narguilé é diferente, pois é um tabaco que sofre combustão, aquecido com carvão. No entanto, também é uma substância que traz danos à saúde, além do risco de contaminação ao ser compartilhado entre os usuários.

 

*Com informações do VivaBem