Internacional
Trump autoriza ação militar secreta contra cartéis latino-americanos
Ofensiva inclui críticas ao Brasil e pressiona por classificação do PCC e Comando Vermelho como organizações terroristas

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou uma diretiva secreta autorizando o uso da força militar contra cartéis de drogas na América Latina, incluindo organizações como o Cartel de Los Soles, o Tren de Aragua e a MS-13. Esses grupos foram classificados como organizações terroristas estrangeiras, o que permite ações militares diretas, tanto em terra quanto no mar. A medida tem como principal objetivo conter o tráfico de drogas, especialmente o fentanil, responsável por uma grave crise de overdose nos EUA.
Em resposta, a presidente do México, Claudia Sheinbaum, rejeitou qualquer sugestão de intervenção militar estrangeira em território mexicano. Durante uma coletiva de imprensa, Sheinbaum afirmou: "Não haverá invasão. Isso está absolutamente fora de questão." Ela ressaltou que o México está comprometido em cooperar com os EUA no combate ao narcotráfico, mas enfatizou que a soberania nacional é inegociável.
Além dos grupos latino-americanos já classificados como terroristas, Trump também questionou publicamente por que facções brasileiras como o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV), responsáveis por vastas redes de tráfico e violência armada, ainda não receberam o mesmo enquadramento por parte dos EUA. Segundo ele, essa omissão dificulta o combate internacional ao crime organizado e favorece governos que, segundo ele, são “lenientes com o crime”, numa crítica velada ao Partido dos Trabalhadores (PT), que governa o Brasil.
Apesar da pressão, até o momento (agosto de 2025), nem o PCC nem o Comando Vermelho foram oficialmente classificados como organizações terroristas pelas autoridades brasileiras. Ambos são reconhecidos como organizações criminosas, envolvidas com tráfico de drogas, armas, assaltos, homicídios e outros crimes graves, mas não se enquadram formalmente na legislação antiterrorismo do país.
A Lei Antiterrorismo brasileira (Lei nº 13.260/2016) define terrorismo como atos motivados por ideologia, política, religião, preconceito racial ou étnico, com o objetivo de causar terror social ou generalizado. Por essa definição, facções como o PCC e o Comando Vermelho — que operam principalmente com motivações econômicas — não se encaixam no conceito jurídico de terrorismo no Brasil.
Em nível internacional, embora alguns países e órgãos mantenham listas próprias de organizações terroristas (como os Estados Unidos, a União Europeia e a ONU), o PCC e o Comando Vermelho ainda não constam nessas listas. A possível inclusão por parte dos EUA seria um marco diplomático e político, com implicações diretas nas relações com o governo brasileiro.