Ciência e Saúde

Médico fala sobre efeitos da Covid-19 no cérebro

Foram apontados durante a conversa com o neurologista os principais transtornos cerebrais desencadeados em razão da doença

Lívia Rios

Publicado

há 1 ano

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Médico fala sobre efeitos da Covid-19 no cérebro

Pacientes se queixam da falha na memorização ou na qualidade do sono / Foto: Divulgação/PMMC

O vírus da Covid-19 deixou uma série de sequelas na saúde daqueles que foram infectados. Ele contribuiu ainda para que consequências fossem levadas ao cérebro e isso gerou diversos questionamentos. Em entrevista com o Neurologista Humbert Brito, que atua em Guarulhos, foram apontados alguns transtornos cerebrais desencadeados pela doença. “No campo funcional, os pacientes se queixam geralmente de dificuldade de memorização, lentificação de processos, dificuldade de se lembrar de nomes comuns e perda da recordação de episódios inteiros, como um evento ou uma viagem, além da piora da qualidade do sono.”

“Já no campo psiquiátrico, as principais queixas são aumento de ansiedade. Outro lamento neurológico comum após a contaminação pela Covid-19 é o aparecimento de dor de cabeça nova, recorrente ou piora de uma enxaqueca prévia leve. Estudos feitos com baterias neuropsicológicas em pacientes mostraram redução desses mesmos campos: linguagem, execução, atenção e memória, principalmente. O que mais chama a atenção é que essas baterias foram feitas em pessoas que não necessariamente se queixavam, apenas tinham passado pela doença”, complementa o especialista.

Além disso, ele explica o porquê acontecem essas manifestações quando se é contaminado. “Não se conhecem os mecanismos exatos, mas sabemos basicamente de três deles: invasão direta do sistema nervoso, embora não se encontre vírus dentro dos neurônios, apenas ao redor e nas outras células; lesão indireta por ativação de sistemas de inflamação de modo excessivo, com o próprio sistema imune atacando o cérebro; influência indireta através de outros distúrbios, como psiquiátricos, sono ou piora de estado clínico, que vemos nos pacientes graves que sofrem falta de oxigênio, por exemplo."

O neurologista ressaltou ainda que há uma notícia boa e ruim sobre o assunto: “a boa é que esse acometimento geralmente não é grave e progressivo. Já a ruim é que muito mais gente tem piora de habilidades mentais do que as que se queixam.”

“Mas como perder a inteligência nunca é desejável, considero esse um ponto muito importante para reavaliar nossa postura com relação a essa doença”, conclui.

Lívia Rios é estudante de comunicação social • Jornalismo;

Além de repórter e apresentadora do jornal O Novo.