Ciência e Saúde

Médica fala de riscos na cirurgia de amigdalite

Morte da miss e empresária Gleycy Correia, de 27 anos, após complicações de uma amigdalectomia, na segunda-feira (20), acendeu sinal de alerta

Tatiana Silva

Publicado

há 1 ano

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Médica fala de riscos na cirurgia de amigdalite

Dra. Marcela disse que são raros os casos de morte pela cirurgia, mas podem ocorrer/Foto: Divulgação

A miss e empresária Gleycy Correia, de 27 anos, morreu após complicações de uma amigdalectomia (cirurgia para retirada das amigdalas), na segunda-feira (20). A jovem passou dois meses internada em um hospital no Rio de Janeiro; e as causas da morte foram pneumonia, encefalopatia anóxica, parada cardiorrespiratória, choque hemorrágico e hemorragia da artéria amigdaliana, informou o IML (Instituto Médico Legal).

De acordo com a dra. Marcela Giorisatto, otorrinolaringologista do Hospital HSANP de São Paulo, a amigdalite é uma inflamação das amígdalas, que são estruturas do sistema linfático localizadas no fundo da garganta, entre os sistemas respiratório e digestivo com função protetora, ou seja, de combater microorganismos que tentam acessar, por meio da boca, outras partes do corpo humano. “A maioria das inflamações são por infecções, causadas por microorganismos como vírus ou bactérias”, informou a doutora.

Cirurgia

A cirurgia é indicada em algumas situações específicas como quando: Há mais de sete episódios de amigdalite em um ano e o paciente faz uso constante de antibióticos; as amigdalas aumentam de tamanho, o que pode provocar roncos ou outros problemas de sono; a infecção está tão forte que se cria um abscesso periamigdaliano, que é uma complicação grave da amigdalite; e a formação de “caseum” na garganta, que são pequenas “bolinhas” malcheirosas, pelo acúmulo de restos de comida na região.

“Para excluir a necessidade de cirurgia, trata-se a amigdalite aguda sem complicações por meio de medicamentos, como antiinflamatorios, sintomáticos ou antibióticos, a depender da causa da doença em cada paciente”, orientou Marcela.

Segundo dados apresentados num seminário da Fundação Otorrinolaringologia, da USP, a taxa de mortalidade dessa cirurgia varia entre um a cada 16 mil e um a cada 35 mil casos. O maior risco de complicação da cirurgia é o sangramento, pois a região é muito vascularizada com ramos provenientes de artérias grandes, como a artéria carótida externa. 

De acordo com a dra. Marcela, o pós-operatório foi o que agravou o quadro da ex-Miss Brasil: “Provavelmente, ela teve uma complicação pós-operatória, com sangramento intenso de alguma artéria da região, o que é muito incomum, mas pode, sim, ser fatal.”

Para que o pós-operatório ocorra bem, o mais importante é compreender que ele faz parte do processo cirúrgico e é tão importante quanto a cirurgia. “Seguindo tudo adequadamente, as chances de acontecer alguma intercorrência são muito pequenas. Então, se recomenda a alimentação pastosa ou líquida, fria. Não ingerir alimentos cítricos, fazer repouso, fazer uso de medicações prescritas e evitar ambientes quentes ou qualquer vapor quente que aumente o risco de vasodilatação e sangramento como: secador de cabelo, banhos quentes ou saunas. A recuperação dura por volta de 7 a 14 dias, a depender de cada paciente.” explica a Otorrinolaringologista.