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Sem convênio, prefeito Caio Cunha diz que não tem como manter a Maternidade

Em entrevista exclusiva para o jornal O Novo, o prefeito Caio Cunha falou de assuntos importantes da cidade

Vania SousaFabrício Mello

Publicado

há 1 ano

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Sem convênio, prefeito Caio Cunha diz que não tem como manter a Maternidade

Fabricio Mello

Nesta terça-feira (14), o prefeito de Mogi das Cruzes, Caio Cunha (Podemos), abriu as portas de seu gabinete para receber a equipe do jornal O Novo. Durante a entrevista, o chefe do Executivo mogiano comentou sobre mudanças no transporte e no trânsito da cidade, especificamente sobre a Rotatória do Habib’s, sobre mobilidade urbana, sobre a entrega da Maternidade Municipal, a entrega do Novo Pró-Mulher e sobre a mudança do Pró-Criança, que visa possibilitar um melhor atendimento à demanda. E, como não poderia faltar, em ano eleitoral, ele falou de seu apoio à candidatura de sua vice, Priscila Yamagami, para deputada federal, e ao pré-candidato Marco Furlan, ambos do Podemos, a deputado estadual. Confira abaixo a entrevista:

O Novo: Como está o andamento das obras na rotatória da Praça Kazuo Kimura, a rotatória do Habib’s? Existe alguma previsão para a finalização do processo?

Caio Cunha: Sobre a Rotatória do Habib’s, é uma decisão nossa desde o início do mandato. A gente sabe que aquela rotatória não comporta mais o fluxo de carros ali existente. Quando se constrói uma rotatória, sabemos que existe uma carga máxima que ela pode suportar; e essa carga foi ultrapassada há muito tempo, o que se vê, inclusive, pelo número de semáforos. Pela manhã, existe um engarrafamento muito grande ali. Então, o projeto não é só tirar a rotatória, isso é um detalhe... Além da rotatória, existem três composições que passam por cima do córrego Lava-pés e todo o contexto do projeto Vila Mogi. Inclusive, a gente acabou de receber o projeto com a simulação de veículos para os próximos dez anos. Quando se pensa em uma cidade como Mogi, não dá só para ir resolvendo os problemas; nós temos que fazer obras estruturantes, onde sejam previstos os impactos daqui a cinco ou dez anos. Sendo assim, eu acredito que até o final do ano ou no início do ano que vem, a gente já tenha chegado na parte da rotatória. As obras já começaram, mas como ficou muito marcante a questão de tirar a rotatória, ainda não é visível para as pessoas.

O Novo: O que está sendo feito para melhorar o trânsito da região leste da cidade, em especial para as pessoas que vêm de César de Souza para o centro da cidade?

Caio Cunha: Como eu disse antes, a questão da Rotatória do Habib’s não é só a Rotatória do Habib’s, é todo um projeto viário que envolve rotatórias, transposições, novos viadutos, alargamento de vias etc. Ontem, inclusive, eu respondi a uma pergunta no stories do Instagram : “E ai, Caio, quando você vai resolver o trânsito?” E, de fato, quem mora em César de Sousa, de manhã, sofre, demora de 20 a 30 minutos para chegar no centro. A gente fez algumas adaptações, mas que não resolvem o problema. O trânsito é o fluxo de uma cidade que cresceu sem ser planejada e sem ser equilibrada. Essas obras e esses estudos que nós estamos fazendo são de coragem, porque ele demora; é algo estruturante, então, talvez até o final do mandato a gente tenha essas obras, ou talvez não. Mas a gente começou porque precisava começar. Agora, se essas obras não acontecerem, logo vai lançar o condomínio Fazenda Rodeio e são milhares de casas novas ali, um novo bairro vai surgir e se não mudar nada, vai piorar a situação.

O Novo: Após as mudanças implementadas na mobilidade urbana de Mogi, com novos ônibus e novas linhas, qual a situação atual desse setor?

Caio Cunha: Na nossa gestão, temos 88 novos ônibus. De 150, 88 são novos. Nós somos a cidade no Brasil com a menor idade média na frota, 1 ano e 7 meses mais ou menos. Isso é qualidade, tecnologia, mas isso não basta. Não adianta ter ônibus novo e ele ficar parado no trânsito. Então, nós estamos pensando na cidade e no sistema de transporte de maneira mais inteligente, com o mesmo número de frota, mas com um aumento nas partidas. Nós fizemos um piloto, tanto para quem mora em Biritiba Ussu e Manoel Ferreira, quanto para quem mora no Cocuera e no Conjunto Toyama. Antes, essas linhas cruzavam a cidade de ponta a ponta: Toyama, que fica no lado leste da cidade, cruzava o centro e vinha para o terminal central; Biritiba Ussu, que fica na parte norte da cidade, cruzava a cidade e ia para o terminal estudantes, ou seja, ficava a maior parte do tempo parado dentro do centro da cidade. Hoje, nós reduzimos a distância da partida inicial e da partida final, só que tem uma integração entre os dois terminais. Então, criamos o circular, que vai direto de um terminal para o outro, sem custo nenhum; e o circular da saúde, que passa em todos os equipamentos de saúde, inclusive o Pró-Mulher, tudo isso com uma única passagem. Ampliamos a questão da transferência de veículos, então, por exemplo, só algumas linhas você podia usar o mesmo passe, agora não, você vai em qualquer linha e você pode trocar. Teve muito benefício, tem muitos ajustes a serem feitos, por isso é um piloto, mas depois que a gente resolver esses bairros, vamos para outros bairros, porque não dá para fazer tudo de uma vez. Mas um dado muito importante: a linha de Biritiba Ussu, a gente fala que é a “qualidade do transporte”, cada ônibus carregava, em média, 35 pessoas, agora carrega 18, ou seja, não tem mais aquela "montoeira" dentro do ônibus. Obviamente, dentro de um horário ou outro pode ter, mas reduziu muito porque agora tem mais partidas. É o mesmo número de ônibus com mais partidas e isso é muito significante.

O Novo: Em relação à Maternidade? Devido ao gasto, é necessário um convênio com o governo do Estado para que ela possa funcionar, já existe algo formalizado ou alguma data?

Caio Cunha: Essa é uma boa pergunta para esclarecer algumas coisas. O município é responsável pela saúde básica, ou seja, postos de saúde, as UFSs, esses equipamentos, sim, são de responsabilidade do município. Consultas e cirurgias, procedimentos de especialidades e partos não são. É ótimo que Mogi tenha uma maternidade. Hoje, quem faz os partos públicos aqui em Mogi é a Santa Casa, com um convênio que já tem com o Estado. Então, é irresponsável e não-justificável ter uma maternidade que vai atender os munícipes de Mogi e de toda região com valores do município. O custo/mês de uma maternidade como a nossa é de aproximadamente R$ 4 milhões de reais. Nós pegamos uma obra com 30% de conclusão, terminamos e agora estamos dando um destino para esse equipamento. O Pró-Mulher, por exemplo, já se encaixou dentro da maternidade. Agora, nós só vamos abrir a Maternidade se tiver um convênio com o Estado. E se o governo do Estado não fizer o convênio?, nós não teremos a maternidade. Não dá para Mogi arcar com esse custo. Talvez nós tenhamos, sim, alguns partos a serem realizados, mas partos mais simples, como o normal ou o humanizado, que é uma possibilidade que a secretaria está estudando. Agora, o que a gente quer fazer ali naquele espaço, com ou sem convênio, é um complexo da saúde materno-infantil. Então, a mãe, a mulher, o bebê, eles podem ser atendidos ali. É uma estrutura muito boa e nós temos já formalizado um pedido para o governador Rodrigo Garcia, que tem se prontificado a fazer não só o convênio de custeio da maternidade, mas ajudar a equipar a maternidade. Estive conversando com a assessoria dele e eles estão para vir aqui na próxima semana, trazendo algumas novidades.

Novo: Com a inauguração do novo Pró-Mulher, quais as próximas mudanças que devem ocorrer na Saúde de Mogi? E quando elas vão ocorrer?

Caio Cunha: A Saúde de Mogi sempre foi um referencial. Eu acho que a pandemia não gerou a questão de saúde física das pessoas, mas também todo um embaraço no sistema de saúde. Por exemplo, as cirurgias eletivas ficaram estacionadas; consultas; exames e por aí vai. Muita gente sofre e sofreu com isso. Então, hoje, nós estamos reduzindo todas as filas de consultas e exames. Tem uma fila muito grande, ainda, de ultrassom, que a gente vai resolver fazendo um mutirão, mas todas as outras já baixaram drasticamente. Acabamos de mudar o Pró-Mulher para Brás Cubas, dando um espaço melhor, com mais conforto, vários tipos de atendimentos e, inclusive, inserindo uma questão muito importante que nosso governo sempre defendeu, que é a questão do planejamento familiar. Você vai fazer uma laqueadura, uma vasectomia e quem tem mais recurso tem mais facilidade, mas nós queremos atender quem de fato está necessitando e esse é um dos diferenciais do novo Pró-Mulher. O que a gente quer fazer: levar oportunidade para todos. Em relação ao Pró-Criança, a gente já está começando um processo licitatório para a reforma da onde era o Pró-Mulher. Hoje, no Pró-Criança atual, cabem 20 pessoas na sala de espera; no novo, irão caber 170 pessoas. Nós vamos quase dobrar o número de atendimentos e toda estrutura de observação, de leitos etc. É um equipamento muito interessante e importante para a cidade, que sofreu muito por conta da pandemia, porque antes o atendimento pediátrico também era realizado no Hospital Municipal, mas, durante a pandemia, quando a unidade ficou exclusiva para Covid, o Pró-Criança ficou com toda a demanda de Mogi e região. Então, agora a gente reabriu o atendimento pediátrico no Hospital Municipal e vamos ampliar o espaço do Pró-Criança.

O Novo: Mogi registrou um aumento de casos de Covid-19, assim como em outras cidades. Esse aumento pode prejudicar a retomada da economia?

Caio Cunha: Eu vou dar uma resposta, não por ser otimista, mas por estar acompanhando de perto esses casos. Houve um crescimento exponencial no número de casos de Covid, mas, por exemplo, se eu tenho dois casos e, de repente, tenho 20 casos, houve um crescimento de 1000%. Hoje, exatamente hoje, nós temos seis pessoas internadas no Hospital Municipal com casos leves, mais para controlar um sintoma, como se fosse uma gripe mais forte. Entre os dias 26 e 29 de março do ano passado, nós tivemos o pior momento da pandemia. Foi um cenário assustador, com 135% de leitos ocupados: a gente usava os leitos, as macas, as poltronas, porque não tinha mais onde colocar gente e foi onde tivemos de tomar algumas medidas mais severas para reduzir o contágio e não afetar ainda mais a economia. Hoje, nós temos que nos acostumar com essa nova situação, sem deixar de ter cuidado. A questão da limpeza da mão tem que continuar, é saudável, tendo a Covid ou não. O uso de máscara, nas culturas orientais, se você está com uma gripe, você já usa a máscara para não transmitir para o outro. Nós voltamos com a obrigatoriedade das máscaras nas escolas porque teve um surto muito alto, não só de crianças, mas também de professores com Covid. A escola é muito sensível porque se um aluno está com Covid, ele se afasta, mas se uma professora está contaminada, dependendo de quantas são afetadas, você tem que fechar a escola. Então, por conta disso, a gente teve esse cuidado para reduzir o contágio. Eu acredito que daqui pra frente, nós teremos que nos acostumar com essa situação. Nós aplicamos mais de 1 milhão de doses aqui em Mogi das Cruzes e esse foi um trabalho referência em todo o Brasil junto de outras cidades, porque a gente teve um sistema de agendamento e as pessoas não precisavam esperar na fila. Graças a Deus, hoje as pessoas pegam Covid, mas é só a sensação de uma gripe forte, e nada mais.

O Novo: A vice-prefeita, a Priscila, deve ser indicada pelo Podemos para deputada federal este ano. Como fica o seu posicionamento, tendo em vista que outros deputados, como o Bertaiolli e o Marcio Alvino, também trouxeram emendas para Mogi?

Caio Cunha: Eu acho que a gente vive, graças a Deus, em um país democrático e que Mogi tem condição suficiente de ter mais deputados. Hoje, nós temos só um deputado federal e um estadual, mas nós temos condições de ter mais deputados nossos. Não é algo como se a Priscila for candidata, eu vou torcer contra o Bertaiolli, contra o Marcio Alvino, de jeito nenhum. Quanto mais deputados e deputadas nós tivermos aqui na nossa cidade e na nossa região, melhor para gente. Não é uma disputa de nome, a gente tem que disputar com outras regiões para que gente de Pindamonhangaba não venha tirar voto daqui. A gente tem que votar em gente que atua, gosta e defende a nossa cidade. A Priscila ainda está decidindo, em família. Já para deputado estadual, o Furlan tem se posicionado como pré-candidato e vai ser nosso nome, do Podemos, aqui na região.

O Novo: Se aproximando, agora, do fim do segundo semestre de 2022, quais as principais conquistas para a cidade até agora? Quais demandas o sr. ainda pretende abordar nos próximos meses?

Caio Cunha: Há algumas semanas, nós fizemos 500 dias de mandato. É interessante ver como foram os primeiros meses de pandemia, como foi o ano passado e como tem sido esse semestre. Graças a Deus a gente está respirando este ano. Estamos vendo a economia melhorar. Estamos colhendo frutos do que a gente fez ano passado em relação a alguns ajustes financeiros. Ho a gente tem fôlego por conta da economia feita ano passado e quase toda semana a gente tem feito uma entrega. Então, daqui para frente vai ser um ano de bastante entrega, colhendo o que plantamos no primeiro ano, que foi um ano muito difícil, não só para a gestão, mas para a população em geral por conta da pandemia.

O Novo: Como o sr. enxerga a vitória de Mogi no Prêmio Prefeito Empreendedor do Sebrae?

Caio Cunha: Eu acho que o prêmio é um reconhecimento de um trabalho que foi feito pela secretaria de Desenvolvimento Econômico. Nós ganhamos na categoria “Inovação e Sustentabilidade”, nós impulsionamos a atividade de Startups para buscar soluções no modelo Gov Tech, ou seja, para a gestão pública. Então, diversas ações criadas por essas Startups nós aproveitamos e implantamos aqui na Prefeitura e isso é muito inovador, de fato. Foi muito legal, além do Condemat ter ganhado o prêmio de reciclagem. (Textos: Vania Sousa e Fabrício Mello)- Em breve, entrevista completa em vídeo em nossa redes sociais e site www.onovo.com.br