Ciência e Saúde

“Necessário”, analisa especialista sobre a vacinação de crianças

O Novo conversou com um enfermeiro infectologista e um médico pediatra, que defenderam a vacinação contra a Covid-19 para o público infantil

Júlia Andrade

Publicado

há 2 anos

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“Necessário”, analisa especialista sobre a vacinação de crianças

A dosagem aplicada em crianças será diferente da aplicada em adultos / Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou, nesta quinta-feira (16), o uso do imunizante produzido pelo consórcio Pfizer-BioNTech, a Comirnaty, contra a Covid-19 em crianças com idade de 5 a 11 anos.

A decisão foi tomada após avaliação técnica da agência sobre o pedido apresentado em novembro, indicando o uso da vacina para este público. “Com base na totalidade das evidências científicas disponíveis, a vacina Pfizer-BioNTech, quando administrada no esquema de duas doses em crianças de 5 a 11 anos de idade, pode ser eficaz na prevenção de doenças graves, potencialmente fatais ou condições que podem ser causadas pelo SARS-CoV-2”, disse o gerente-geral de Medicamentos da Anvisa, Gustavo Mendes.

Ele acrescentou que, na comparação entre crianças de 5 a 11 com pessoas de 16 a 25 anos (considerando as doses correspondentes a cada grupo), foi identificada a presença de anticorpos nas crianças. 

“Agora que elas (crianças) estão voltando para as rotinas diárias (ir para escola), também vão ficar mais expostas; e podem até ser um grupo de risco se não forem beneficiadas pela vacinação”, informou o médico pediatra Gabriel Farias, gerente da UTI Pediátrica do Hospital das Clínicas de São Gonçalo, no Rio de Janeiro.

Para o enfermeiro infectologista Milton Monteiro, a vacinação para esse grupo é essencial. “Não somente considero seguro, como entendo que seja necessário”, apontou. O especialista ainda explicou a mudança na dosagem dos adultos para a das crianças: “A diferença vai além do tamanho da dose do imunizante e passa por sua composição. No frasco da vacina, a cor da tampa é diferente para evitar erros de aplicação nas salas de vacinação, compartilhadas com adultos. E a dose utilizada será de apenas 1/3 de imunizante”, esclareceu. 

Segundo a diretora da Anvisa, Meiruze Sousa Freitas, a vacina não deve ser administrada de forma concomitante com outros imunizantes do calendário infantil. “Por precaução, é recomendado um intervalo de 15 dias”, disse Meiruze.

Um adendo da diretora é para que os pais ou responsáveis fiquem atentos com relação ao frasco da vacina, que terá cor laranja. Para adultos, o frasco é roxo. A atenção é para evitar eventos adversos pós-vacinação, já que a dosagem aplicada em crianças será diferente da aplicada em adultos. 

Em contrapartida

Em live nas redes sociais na quinta-feira (16), o presidente Jair Bolsonaro disse que pediu, extraoficialmente, o “nome das pessoas que aprovaram a vacina para crianças a partir de 5 anos". "Queremos divulgar o nome dessas pessoas para que todo mundo tome conhecimento de quem foram essas pessoas e forme seu juízo.”

Em nota, a diretoria da Anvisa afirmou que seu ambiente de trabalho é “isento de pressões internas e avesso a pressões externas”. A análise de vacinas, segue o texto, é baseada na Ciência e oferece ao Ministério da Saúde opções “seguras, eficazes e de qualidade”.