Guararema

Projeto da APAE de Guararema fecha 4 turmas de Libras

A iniciativa foi pensada para oferecer uma amostra gratuita do curso para a população

Fabrício Mello

Publicado

há 2 anos

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Projeto da APAE de Guararema fecha 4 turmas de Libras

Divulgação

Para ressaltar a importância do idioma, no mês da inclusão à pessoa com deficiência e à valorização da pessoa surda, a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Guararema ofereceu um curso básico, gratuito, de Linguagem Brasileira de Sinais (Libras) de 40 horas.

Inicialmente planejado para duas turmas, a alta demanda fez com que a instituição dobrasse o número de vagas, o que resultou em quatro turmas matriculadas no curso. “Como o retorno foi muito positivo, junto à Apae, iremos disponibilizar esse curso básico a cada três meses, na própria instituição”, afirma Natália Rinaldi, professora de Libras e voluntária da Apae.

Segundo a professora, o intuito do projeto é destacar a importância da inclusão social e, para ela, a surpresa positiva da alta demanda representa a esperança de viver em uma sociedade mais inclusiva. “Um ou outro até se interessa, a ponto de se inscrever em um curso, mas a maioria acha só ‘legal’, e, na verdade, não é questão de ser legal ou não, é questão de ser necessário”, ressalta Rinaldi.

No mês de campanha dedicado à comunidade surda, projetos como o Curso Básico de Libras da Apae reforçam a importância da língua. “São mais de 10 milhões de surdos só no Brasil. Eles têm dificuldade de ter uma intérprete na sala de aula, no consultório médico, num parto para mulheres, no banco e em qualquer outro lugar que pareça muito simples para nós, ouvintes”, explica a professora. 

Realidade

Em um estudo feito em conjunto pelo Instituto Locomotiva e a Semana da Acessibilidade Surda em 2019 , duas a cada três pessoas da comunidade relataram dificuldade em realizar atividades do cotidiano.

O processo de inclusão da comunidade surda segue adiante, mas a passos lentos. Apenas uma pequena parcela da população brasileira compreende a linguagem de sinais, pouco mais de 5%, um alerta para a falta de preparo para receber e acolher essa parcela da população. Em 2021, a Lei 14.191/21 foi sancionada. Ela disciplina a educação bilíngue dos surdos, definida como aquela em que a Libras é considerada a primeira linguagem e o português escrito como a segunda. 

Na opinião de Rinaldi, o ensino de Libras deveria começar nos anos iniciais da educação, assim como outras matérias obrigatórias ou o ensino de outro idioma, como o inglês ou espanhol. Já no ensino superior, as aulas de linguagem de sinais deveriam ser parte da grade de matérias obrigatórias desde o primeiro até último semestre, especialmente para o curso de Pedagogia. 

Motivação

Apesar de não possuir deficiência auditiva, a primeira língua da professora Natália foi a Libras. Ela conta que a tia, por parte da mãe, é surda e foi ela a primeira a lhe introduzir a linguagem de sinais. "Em invés de eu falar ‘mamãe’ primeiro, eu sinalizei ‘mamá’, e desde então ela me ensinava”, lembra. As suas motivações para estudar o idioma foram as dificuldades que ela viu a tia e a família, que a acompanhava, passarem em situações do dia a dia.