Em seu segundo mandato, o vereador e presidente da Câmara de Mogi das Cruzes, Otto Fábio Flores de Rezende, do PSD, despertou para a política após trabalhar na campanha de sua irmã, a ex-vereadora de Mogi, Carla Maria Flores de Rezende. Nascido em 22 de novembro de 1964, é casado com Ana Cecília, pai de três filhas, médico com pós-graduação em Alergia e Imunologia pela UNIRIO em 1991. Pós-Graduado em Alergia Imunopatologia pela Universidade Carlos Chagas,no Rio, com título de especialista em Alergia e Imunopatologia pela Associação Médica Brasileira e Especialista em Saúde Pública e pós-Graduado em Cooperativismo, Otto Rezende trabalhou nos hospitais Ipiranga, Santana e Luzia de Pinho Melo, em Mogi, e no Instituto Carlos Chagas, no Rio de Janeiro. Atualmente, atende em sua clínica Alergo-ar. Saiba sua opinião sobre a política mogiana e muito mais na entrevista a seguir.
O Novo: O sr. está no segundo mandato, a que se deve o fato de ter sido escolhido presidente da Câmara Municipal?
Otto Rezende: Eu estou na Câmara pelo PSD, um partido grande, com liderança na cidade e um time forte. Eu gosto de política, mostrei meu trabalho no primeiro mandato e agora, no segundo, os 14 novos vereadores entenderam que eu seria um bom nome para a Presidência nesse primeiro ano da nova gestão. Agora, no final do ano, espero ter cumprido bem esse trabalho.
O Novo: Quais seus principais projetos?
Otto Rezende: Por ser médico, todo projeto de Saúde que passa na Câmara Municipal tem um dedo meu ali, para que eu possa contribuir. Gosto bastante de projetos de meio ambiente; relacionados a animais; e também gosto de projetos de Saúde Pública. Nesse período da Covid-19, nós trabalhamos para ajudar na criação de novos leitos em Mogi. Fiz parte da comissão do Executivo para ordenar as ideias para combater a pandemia. Na primeira vez que eu assumi como suplente na Câmara, em 2011, eu fiz um projeto que previa o envelopamento dos canudos plásticos, para evitar a contaminação por doenças. Pelo PSD, fui eleito novamente, fiz projetos um pouco maiores, como o de canudos plásticos biodegradáveis, solicitei a presença de desfibriladores em shoppings e a vistoria de edificações com mais de dez anos. Também criei uma lei para que, agora na pandemia, haja a fornecimento de assistência psicológica a todas as pessoas. Existem outros projetos de lei que visam destinar 0,04% do orçamento do Semae para reposição da mata ciliar no trecho do Rio Tietê, que passa por Mogi das Cruzes, e a valorização do rio, para relembrar a sua importância para a cidade.
O Novo: Você é médico alergista, com um currículo de respeito, mas por que a paixão pela política? De onde veio isso?
Otto Rezende: Nos meus primeiros anos de vida, eu não morei aqui por causa da profissão do meu pai, que era fuzileiro naval, então, eu sempre morei próximo ao mar, mas a minha família é mogiana. Meu avô por parte de mãe foi vereador em Mogi; do lado do meu pai eu tenho tios que foram candidatos na cidade; eu sou bisneto do Raul Brasil, que foi prefeito de Guararema; meu pai foi secretário de Esportes em Suzano. Então, dentro da família, eu já tinha essa influência. Meu pai se candidatou para compor uma chapa, mas teve poucos votos. Pensando nisso, eu comecei a cadastrar meus pacientes para que, quando chegasse a época, eu pudesse pedir votos para ele. Acabei usando os contatos para pedir votos para minha irmã, que, no lugar do meu pai, foi eleita vereadora por Mogi. Eu acompanhei os quatro anos de mandato dela, mas ela dizia que não gostava de estar na política, então, eu decidi seguir em frente.
O Novo: O sr. também ajudou em outras campanhas, fale um pouco sobre isso?
Otto Rezende: Quando a minha irmã entrou, eu já era do PSC. A gente ajudou a Karina Marques e a Vera Rainho, que queria sair como deputada e depois acabou sendo eleita vereadora. Nós conseguimos, então, eleger três mulheres. Depois disso, eu saí do partido e montei o PSL. Nós montamos um time de pessoas com muitos votos, como os vereadores Farofa, Vera Rainho, Cabo Chico, Tio Sam. Gente que nunca tinha sido vereador, mas que tinha mais votos que todo mundo que já era vereador. Nós fomos para a campanha, ajudamos a eleger o prefeito e alguns vereadores, mas eu queria meu espaço, que estava demorando para aparecer porque eu fiquei de suplente do (Marco) Bertaiolli. Quando acabou o mandato de quatro anos dele, eu conversei com ele e daí, enfim, eu fui eleito, dando início à minha história na política mogiana.
O Novo: Como foi comandar o Legislativo em tempos de pandemia?
Otto Rezende: Não foi fácil. Nós viemos de uma gestão onde a Câmara Municipal teve problemas, houve prisão de alguns vereadores - que não cabe aqui falar sobre o assunto -, e isso deixou uma imagem de que precisava haver mudança na Câmara. Foi uma eleição difícil para quem estava lá e para quem disputou, por causa desse descrédito da população. E foi algo que eu prometi para os vereadores que votaram em mim: o resgate dessa confiança. A Câmara hoje está mais ativa, com todas as comissões trabalhando, reuniões com o Executivo. Nós temos a TV Câmara, o Instagram e o Facebook funcionando. Quando a Câmara tentava colocar uma publicação antes, eram mais de mil comentários massacrando o Legislativo, mas hoje a gente já recebe um feedback mais positivo.
O Novo: A Câmara tem quantos vereadores de oposição atualmente? E você, é situação ou oposição?
Otto Rezende: São 23 vereadores hoje; 11 partidos políticos, cada um com a sua ideologia e de acordo com as ideias de seu partido. Eu não considero nenhum vereador de oposição, porque se você pensar: oposição a quê? Todos foram eleitos em Mogi buscando melhorar a cidade. Os fatos, as leis, os projetos e os impostos vão acontecendo, às vezes o prefeito quer fazer de uma maneira, mas alguém de um outro partido pode não concordar com aquela maneira, porém ambos querem o melhor para a cidade. É bom ter pessoas com visões diferentes. O bom é que todos os 23 conversam para buscar o melhor para a cidade.
O Novo: Como tem sido seu relacionamento com os parlamentares, principalmente depois de uma forte renovação na Câmara neste novo mandato?
Otto Rezende: É importante que a gente não tenha uma Câmara fechada em alguns vereadores. Meu objetivo como presidente é deixar a Casa o mais institucionalizada possível. A gente se divide em comissões para maior agilidade, mas todos têm direito a discutir sobre qualquer assunto.
O Novo: Como o sr. classifica a cidade neste atual governo? O que precisa melhorar?
Otto Rezende: O Caio Cunha (prefeito) tem um governo presente, que não foge do que acontece em Mogi das Cruzes, com bastante participação. Cada gestor tem seu jeito de ser, de se comunicar com a Câmara, com a população. Nós votamos nele por acreditar que seria a melhor opção. E no primeiro ano de mandato, surgiram várias questões pendentes de outros mandatos, além da pandemia e outros problemas da cidade, como a Taxa do Lixo, o ISS etc. Não é aquilo que todo mundo esperava, não é nenhum conto de fadas, mas é o dia a dia. Da maneira dele, ele tem enfrentado esses problemas.
O Novo: O que você me diz do relacionamento do governo com os deputados, governador, em termos de recebimento de verbas estaduais ou federais?
Otto Rezende: Hoje, nós temos o deputado federal Marco Bertaiolli (PSD), e mesmo que fosse o pior prefeito da história de Mogi, ele iria continuar trazendo verba para a cidade. O deputado estadual Marcos Damásio (PL), que também traz, na medida do possível, verba para a cidade. O partido do prefeito é novo (Podemos), por isso, é natural que ele tenha dificuldade de trazer verba; é necessário que ele se envolva mais com os deputados para melhorar essa situação. Com o passar do tempo, essa união vai melhorar. Por isso que a gente fala que, ano que vem, que é ano de eleição, as pessoas devem votar em gente da cidade.
O Novo: Quais suas perspectivas para os próximos meses, tanto no sentido político quanto numa retomada econômica e social com a queda dos números dos casos de Covid?
Otto Rezende: Se Deus quiser, a vacinação vai permitir que a população volte a ter a vida de antes. Na minha área, a Saúde, as cirurgias eletivas - as menos urgentes - foram deixadas de lado. O coronavírus também deixou muitas sequelas, problemas renais, cardiológicos, então, também é necessário retomar esses atendimentos. Pessoas vão voltar às ruas, por isso é necessário melhorar o transporte público, as rodovias... Nas escolas, ainda existe um certo medo do retorno. A questão econômica, que no momento está patinando, não só na cidade, deve ser resolvida. Vamos ter muito trabalho daqui pra frente.
O Novo: Fale sobre os projetos polêmicos que estão tramitando ou tramitaram na Casa, como a ‘taxa do lixo’ e a ‘taxa do ISS’?
Otto Rezende: A começar pela ‘‘taxa do lixo’’. O mundo tem cada vez mais pessoas e, pensando no futuro, algumas mudanças são necessárias para manter a sustentabilidade. O Marco Zero do Saneamento, há dois ou três anos, decidiu que, em 2021, será cobrada uma taxa, em todas as cidades, de cada munícipe que produz lixo. Como seria esse valor? O que a gente gasta hoje para colher o lixo de Mogi e quantas pessoas usam o sistema de coleta. Esse valor, dividido por todo mundo que produz lixo, chegou nos R$ 15 para cada casa e vai ser destinado apenas para a coleta de lixo, que não vai mais estar inclusa em outros impostos. As cidades têm autonomia para cobrar, mas o valor justo é essa divisão do total que a gente gasta pela quantidade de munícipes que usam o serviço. A Câmara vai fazer o possível para que esse valor seja o mais justo possível. Já o ISS da Construção Civil não foi inventado agora. Das 130 mil casas de Mogi, 40 mil não haviam declarado o imposto, por isso foi emitida a cobrança. Só 4% da população recorreu do valor do ISS. Das 40 mil, sobraram cerca de 30 mil, aproximadamente 13 mil já pagaram, outras 1.700 parcelaram em 72 vezes e poucas entraram com recursos.
O Novo: Fale de suas pretensões políticas para o futuro: Vai sair candidato em 2022? Vai apoiar alguém? Ou vai esperar o próximo pleito para prefeito?
Otto Rezende: Cada vez mais eu estou feliz com a minha vida política, minhas participações e contribuições para a cidade. Eu sou do PSD, respeito a minha liderança e ela sabe que todo político quer crescer. Meu nome está aberto para todos os cargos que vão abrir ano que vem. Vou estudar mais para estar à altura da minha pretensão, mas nós fazemos parte de um coletivo, a cidade de Mogi das Cruzes, que precisa que tragamos verba para desenvolver a região e, se para trazer verba nós tivermos de compor com outros candidatos que não seja eu, vou ajudar e fazer campanha para quem for ajudar a cidade. Sei do meu currículo, sei que gosto de política, sei onde posso chegar e meu nome está aí, a hora que me chamarem, eu vou. Estou à disposição do partido e da cidade.