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Conflito entre Israel e Irã entra no 4º dia com 244 mortos e intensifica tensão no Oriente Médio
Bombardeios atingem Teerã, Tel Aviv e Haifa; enquanto Israel fala em "caminho para a vitória", Irã responde com ataque recorde de mísseis. Ao fundo, segue a guerra iniciada em outubro de 2023 contra o Hamas na Faixa de Gaza

O conflito entre Israel e Irã entrou nesta segunda-feira (16/6/2025) em seu quarto dia, com pelo menos 244 pessoas mortas: 224 no Irã e 20 em Israel, de acordo com números oficiais dos dois governos. A escalada militar começou na última sexta-feira (13) após um ataque israelense que matou o chefe de inteligência das forças armadas iranianas, Mohammad Kazemi.
Desde então, o Oriente Médio vive uma nova onda de violência. Nesta manhã, Israel afirmou ter alcançado "controle aéreo total sobre Teerã", segundo o porta-voz das Forças Armadas, Brigadeiro-General Effie Defrin. “Destruímos um terço dos lançadores de mísseis superfície-superfície do regime iraniano”, disse. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu declarou: “Estamos a caminho da vitória. Queremos eliminar a ameaça nuclear e a ameaça dos mísseis”.
A resposta do Irã veio com intensidade. De acordo com a BBC, o país lançou a maior quantidade de mísseis até agora contra alvos israelenses, atingindo cidades como Tel Aviv e Haifa. Pelo menos cinco pessoas morreram na região central de Israel, elevando o total de vítimas fatais no país para 20. Trinta pessoas ficaram feridas. A sede da emissora estatal iraniana IRIB também foi bombardeada, após ameaças públicas do ministro da Defesa israelense.
O exército israelense emitiu um alerta de evacuação urgente para o terceiro distrito de Teerã, onde vivem mais de 330 mil pessoas. Segundo o Ministério da Saúde iraniano, 90% dos mortos no país são civis. A imprensa internacional enfrenta dificuldades para verificar esses dados, já que a atuação da BBC e de outras agências está proibida no território iraniano.
A tensão repercute no cenário internacional. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou esperar que “Israel e Irã cheguem a um acordo”, mas disse também que “às vezes os países precisam lutar até o fim”. A declaração gerou críticas de diplomatas que defendem a mediação como solução para o impasse.
Esse novo embate acontece em paralelo à guerra entre Israel e o grupo Hamas, que começou em 7 de outubro de 2023. Na ocasião, o grupo palestino lançou um ataque surpresa contra o território israelense, matando cerca de 1.200 pessoas e fazendo 251 reféns. Desde então, os bombardeios sobre a Faixa de Gaza se intensificaram, deixando um rastro de destruição.
Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, mais de 54 mil palestinos foram mortos desde o início da guerra, sendo mais de um quarto crianças. A ONU já classificou a situação como uma crise humanitária sem precedentes, com deslocamentos em massa, colapso de hospitais e escassez de alimentos.
A guerra entre Israel e Palestina tem raízes profundas. Desde a criação do Estado de Israel, em 1948, a região vive sucessivos períodos de conflito. A ausência de um Estado palestino reconhecido, a ocupação da Cisjordânia, o bloqueio em Gaza e as disputas em Jerusalém são apenas alguns dos elementos que alimentam a instabilidade.
Agora, com a entrada do Irã no campo de batalha direto, a guerra assume uma nova e perigosa proporção. Enquanto líderes discursam sobre vitória, milhares de civis continuam pagando o preço da guerra com a própria vida. A cada míssil lançado, cresce a urgência por soluções diplomáticas que coloquem a dignidade humana no centro das decisões políticas.