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Skatista Sandro Testinha fala do prêmio doado pela ‘Fadinha’

ONG Social Skate, com sede em Poá, foi escolhida pela medalha de prata nas Olimpíadas de Tóquio, Rayssa Leal, para receber US$ 50 mil

Vania Sousa

Publicado

há 2 anos

em

Skatista Sandro Testinha fala do prêmio doado pela ‘Fadinha’

Divulgação

A ONG Social Skate tem vários motivos para festejar. Primeiro, a conquista da medalha de prata pela skatista Rayssa Leal, de 13 anos, nos Jogos Olímpicos de Tóquio, mudando a visão do mundo sobre o esporte. Depois, com a notícia inesperada de que a “Fadinha”, como é conhecida, foi eleita a atleta que melhor representou os valores do Comitê Olímpico Internacional (COI) e que a instituição escolhida para receber a doação do prêmio de US$ 50 mil (cerca de R$ 260 mil) foi a ONG de Poá, na região do Alto Tietê.

A ONG, fundada por Sandro Soares dos Santos, mais conhecido como Sandro Testinha, 43 anos, skatista, atende atualmente cerca de 150 crianças e adolescentes, entre 6 e 17 anos, anualmente. Para ele, a indicação do prêmio foi uma surpresa, mas que, com certeza, chegou em um bom momento, pois a organização está crescendo muito e ganhando visibilidade. “Eu estava em casa tranquilo, quando começou a entrar um monte de notificações no meu celular ao mesmo tempo. Quando eu fui procurar, vi que a ‘Fadinha’ havia citado o nome da ONG em uma publicação de um vídeo no Instagram, dizendo que iria doar o prêmio do COI para nós. Ao mesmo tempo, o número de seguidores subiu muito, com pessoas compartilhando o post”, conta ele, durante entrevista exclusiva para o jornal O Novo num podcast. 

Nascido na Vila Matilde, Sandro viu algumas pessoas andando de skate pela primeira vez em 1989. Em 1991, ele teve seu primeiro contato com o esporte e descobriu sua verdadeira paixão. “Depois disso, fiquei andando direto, até hoje. Primeiro era um brinquedo; que virou um hobbie; depois um estilo de vida; e um trabalho para alguns”, define. 

“Já a ONG Social Skate surgiu da ideia de andar com meus filhos na rua, mas aí fomos chamando a atenção de outras crianças. Logo tínhamos um grupo e fomos fazendo as coisas conforme o coração mandava. Nunca pensamos em montar uma ONG, mas colocar as crianças para andar de skate. Só que tivemos que ir atrás de documentos, para regularizar a atividade. Não foi nada programado”, lembrou Sandro.

Recursos

Sobre a questão financeira, ele explica que os órgãos públicos não têm uma “obrigação” de ajudar entidades como esta, mas existem verbas para o esporte, que podem ser pleiteadas, por isso precisamos mostrar projetos, estar devidamente documentados e inscritos para pleitear recursos. “No município, não temos muitos recursos, mas tem no Estado, no País. Aí tem ano que conseguimos, outros não; outros mais ou menos, desde que você trabalhe em cima disso, para poder entender como funcionam as leis e poder ir atrás do que temos direito”, explicou. 

O skate

O número de crianças e adolescentes atendidos pela ONG varia de acordo com as verbas e recursos conquistados e do que a ONG arrecada em programas de incentivos anuais. Atualmente, cerca de 150 são beneficiados pelos trabalhos no local, que pode chegar a 180, de acordo com o orçamento.

Sobre como aprender a andar de skate, ele explica: “Na verdade, a gente não chama a prática de treino, mas atividade de esporte educacional, sem alto rendimento. Ensinando de maneira lúdica, divertida, brincando e educando também. A gente explica como cair, levantar, como tentar de novo; é uma prática educacional, que eles levam para a vida. O treino é mais para esporte de alto rendimento, para provas, torneios etc.” Já as aulas acontecem numa quadra, em Calmon Viana, Poá, divisa com Suzano.

Olimpíadas

Com relação à skatista Rayssa Leal, ganhadora da medalha de prata na modalidade street nos Jogos Olímpicos de Tóquio, Sandro conta que quem é do ramo do skate já a conhecia, que pratica o esporte desde os 6 anos. “A galera já conhece ela pelos vídeos, por estar sempre na cena, em viagens e por participar de campeonatos, inclusive em São Paulo, e sempre foi muito fácil encontrá-la. Os skatistas estão sempre em contato com ela, que já conhece quase todo mundo que tem um trabalho relevante. E a família sempre interagiu com o pessoal do esporte pelas redes sociais, desde que ela era bem menorzinha”, conta Sandro.

Para Sandro Testinha, a medalha que a Rayssa ganhou tem um grande significado para todos os skatistas. “E todo brasileiro que curte o esporte já sabia que ela ia se sobressair nas provas. Ela era favorita. O pódio era certeza, mas essa visibilidade imensa para o skate foi muito boa.” 

O prêmio

Quanto aos planos futuros da ONG em termos de investimentos com o prêmio doado pela Rayssa Leal, ele explica que ainda tem os trâmites burocráticos e documentações a serem enviadas, e isso pode demorar de quatro a seis meses para chegar. “Mas é claro que queremos ampliar nosso trabalho, com mais qualidade, com material, equipamentos novos para oferecermos o melhor para a criançada. Não queremos falar muito do dinheiro, mas do carinho, do fato de ela ter lembrado da ONG, tudo isso vale muito mais para nós. No momento, estamos felizes com tudo isso. Obrigado mesmo!”