A empresária, consultora de negócios e palestrante Fádua Ramez Rachid Sleiman, líder do Grupo Sleiman -, que reúne as empresas Fenícia Cursos, Capacitação, Treinamentos e Ensino a Distância – Proeducar Brasil; Fádua Sleiman Palestras; Sleiman Consultoria em Pequenos Negócios e Franquia; e Universidade Corporativa, além das atividades do Movimento Rosa Forte - está há mais de 25 anos no mercado, atuando em todo território nacional nas esferas pública e privada nos segmentos de Educação, Assistência Social e Gestão de Governo. Em janeiro deste ano, ela assumiu a presidência da Associação Comercial de Mogi das Cruzes, acumulando ainda os cargos de vice-presidente do Conselho Estadual da Mulher Empreendedora e diretora do Conselho Nacional da Mulher Empresária. Fádua conversou com o jornal O Novo numa live e hoje nós trazemos os melhores momentos dessa entrevista.
O Novo: Como você encarou a tarefa de presidir a Associação Comercial de Mogi, uma entidade que durante anos foi dirigida por homens?
Fádua: Primeiro vamos lembrar que a ACMC comemorou 100 anos de existência em 2020. Neste período, tivemos grandes presidentes e empresários, que fortaleceram o empreendedorismo na cidade. Eu assumi em um momento de grandes dificuldades, em março de 2020, quando foi decretada a pandemia e todos nós achamos que seria algo breve. Foi muito difícil, mas, agora, eu e a minha diretoria estamos focados na retomada da economia e dos nossos projetos. Mas foi ‘uma barra’.
O Novo: Diante da pandemia, onde o comércio foi um dos setores mais afetados, qual foi o seu maior desafio?
Fádua: O maior desafio foi intermediar entre o governo e os nossos comerciantes. Nós intermediamos em diversos setores, porque alguns puderam voltar, mas outros não; e esses foram muito mais penalizados. Nós tentamos, junto ao poder público, minimizar esse impacto. A Associação Comercial é a voz dos comerciantes, então, nós demos voz a cada segmento que não era considerado essencial, porque para essas pessoas ele é essencial. O maior desafio foi fazer o poder público entender as necessidades do empresário e o empresário entender as necessidades do público.
O Novo: Fale dos programas de incentivo aos mogianos para continuar consumindo diante das incertezas do mercado?
Fádua: Eu já estou há muitos anos na Associação Comercial e nós trabalhamos para estimular a população a comprar no comércio da região. Sempre falamos para as pessoas “Compre em Mogi”, mas isso criava uma rivalidade com outras regiões. Com essa crise, elaboramos a campanha “Compre no Comércio Local”, para as pessoas comprarem em seus bairros. Essa campanha foi um sucesso. Mogi das Cruzes não perde para nenhuma cidade, temos todos os produtos a bons preços.
O Novo: Nesse momento de flexibilizações, como vê o futuro no setor comercial na cidade?
Fádua: Esse futuro é positivo, mas ele não é mais alucinado, como era antes. As pessoas estão mais comedidas. Mas houve uma melhora sim, como pudemos ver no Dia dos Pais e no Dia das Mães, assim como o Dia das Crianças. É animador, as pessoas já estão se planejando para o ano que vem. Eu e a minha equipe acreditamos, de acordo com pesquisas, que haverá um aquecimento maior a partir de março/abril do ano que vem, mas até lá vamos ter uma melhora.
O Novo: O fim do ano está chegando, como será a campanha deste ano e qual o tema?
Fádua: Nós vamos ter o “Natal Premiado”. Já estamos distribuindo os kits para as empresas que querem participar, que consiste de uma urna com vouchers de prêmios dentro, prêmios como carro, moto, iPhone, TV. Estamos muito contentes, cremos que, a partir do final de outubro, já teremos divulgação nas redes sociais e na cidade.
O Novo: Fale sobre o 1° Circuito da Autoestima Feminina que ocorreu no dia 21?
Fádua: Onde tem mulher, tem sucesso. Eu e a presidente do Conselho da Mulher tinhamos planejado desde o ano passado. Foi decidido que o dia 21 de setembro seria o Dia da Autoestima e eu não sei se sofremos mais, mas nós, mulheres, sofremos muito nessa pandemia. Muitas tiveram que largar o trabalho para cuidar dos filhos e do marido, ou tiveram que trabalhar e foi estressante. Muitas estavam esgotadas. Então, nós decidimos realizar esse evento. Nós convidamos 11 empresárias, que puderam divulgar seu trabalho e elas venderam seus produtos e serviços lá. Tivemos palestras, oficinas, com assuntos para a mulher. Algumas nos ligaram para dizer que venderam o equivalente a uma semana de trabalho em poucas horas. É um evento que vai entrar no nosso calendário.
O Novo: Fale um pouco da sua experiência como mulher empreendedora?
Fádua: Eu superindico ser empreendedora; e isso não significa somente ter o próprio negócio. Eu posso empreender nos meus projetos, em uma empresa ou numa indústria. É preciso não ter medo do quanto você quer, não ter vergonha de dizer “eu quero”: “eu quero ter a minha loja”, “eu quero ser dona dessa empresa”, “eu quero ganhar X por mês”. Não tenha medo e não meça esforços para sonhar. Lembre-se que esse sonho deve ser plausível, senão ele vira uma areia movediça. É necessário pensar, planejar e procurar executar.
O Novo: Ainda existe preconceito nesse setor com relação aos homens? Ou eles estão mais abertos à mulher no comando?
Fádua: Eles estão mais abertos, sim. Confesso que nós ainda encontramos resistência e isso independente da faixa etária. É uma questão cultural, uma questão de competitividade, então, existe isso sim.
O Novo: O que a associação oferece em termos de serviços hoje?
Fádua: Nós temos uma série de benefícios e serviços que as pessoas ainda não conhecem. Até então, se associavam para usufruir da proteção ao crédito, por causa do grande número de cheques devolvidos. Mas hoje isso não é mais o nosso carro-chefe, pois temos a Certificação Digital. Empresas novas recebem apoio no processo de abertura, nós temos o Plano Ambulatorial, programas e eventos ao longo do ano, oferecemos treinamentos e cursos, temos espaço para coworking e consultoria jurídica gratuita, oferecemos kit mídia.
O Novo: Fale sobre sua experiência na educação e na assistência social?
Fádua: Eu sou filha do varejo, mas sempre gostei da área de Educação. Eu cheguei a ter uma escola de idiomas, a Wizard, trouxe a franquia para região e fui diretora de Marketing dela. Ainda tenho escola, tenho cursos de idiomas online, faço palestras e foi depois de um tempo que percebi a potencial área da capacitação, que é uma área eterna. Eu também vi, no poder público, uma oportunidade de negócios e já prestei serviço para mais de 30 prefeituras. Na assistência social, damos aulas de diversos assuntos para mulheres que recebem Bolsa Família, onde participamos do Programa de Geração de Renda.
O Novo: Fale sobre o movimento Rosa Forte?
Fádua: O movimento Rosa Forte começou na época em que eu tinha escolas. Eu notava que as minhas colaboradoras queriam vender um produto e não sabiam por onde começar. Aí eu separei as sextas-feiras para ouvir essas pessoas, gratuitamente, e nisso eu acabei escrevendo o livro “Marketing de Batom”. Criei o Instituto Rosa Forte, que busca ampliar o empreendedorismo feminino. E uma novidade é o Grupo das Presidentes, formado por mulheres que foram presidentes ou vice-presidentes de alguma entidade, que objetiva estimular outras mulheres a buscar cargos maiores.
O Novo: Já pensou em entrar na política?
Fádua: Eu amo política, gosto de política, prático, estou em um partido, mas não penso em um cargo eletivo. Eu estimulo outras mulheres a participar, mas eu, pessoalmente, não tenho nenhuma pretensão. Eu sempre digo que é importante ter mais mulheres na política, mas não é isso que eu quero.