Meio Ambiente

Bela, mas letal: plantio de “bisnagueiras” é proibido

Projeto de Lei foi aprovado no Legislativo esta semana e visa à proteção da fauna local, ameaçada pela árvore, que é altamente tóxica

Fabrício Mello

Publicado

há 3 anos

em

Bela, mas letal: plantio de “bisnagueiras” é proibido

Divulgação

O Projeto de Lei 80/2021, de autoria da vereadora Fernanda Moreno (MDB), foi aprovado por unanimidade na Câmara Municipal de Mogi das Cruzes, na sessão desta quarta-feira (29). O projeto proíbe o plantio e criação de mudas de árvores da espécie Spathodea campanulata.

A árvore, também conhecida como Espatódea, Bisnagueira, Tulipeira-do-Gabão, Xixi-de-Macaco ou Chama-da-Floresta, é uma espécie nativa do Continente Africano e foi trazida ao Brasil por conta de sua beleza única. 

Entretanto, por não ser uma planta nativa da América do Sul, trata-se de uma espécie invasora, ou seja, ela não faz parte do ecossistema local. “Como a planta é originária da África, não há nenhum predador de sua espécie no Brasil”, explica o biólogo Gustavo Pedro Martins.

Ainda de acordo com o especialista, a árvore tem usos medicinais, por apresentar componentes químicos antimalária e anti-HIV, e pode ser usada no controle de pragas, principalmente os insetos, que são o grupo mais afetado pela bisnagueira.

“A reprodução acontece através do vento e, pela alta fertilidade, ela consegue povoar rapidamente os centros urbanos. O problema é: trata-se de uma planta altamente tóxica para os insetos, em especial as abelhas, que são essenciais para a polinização de outras plantas”, alerta o biólogo.  “Conforme aumenta o número de indivíduos da espécie, diminui o tamanho da população de insetos na cidade”, complementa. 

Apesar de possuir um alto valor ornamental, por conta de sua folhagem exuberante e flores de cores fortes, a bisnagueira ainda é perigosa aos centros urbanos por possuir raízes rasas e casos de queda de galhos frequentes. 

Segundo o projeto, as espécies já existentes em Mogi das Cruzes deverão ser substituídas gradativamente por espécies nativas. A iniciativa ainda prevê uma multa de quase R$1.000 por planta ou multa produzida, com o valor podendo ser dobrado em caso de reincidência.