Nathalia Rocha dos Santos, 32 anos, é daquelas pessoas que não escolheu a educação por acaso a educação escolheu por ela. Filha de professora, irmã de educadora, cresceu em meio a cadernos, planejamentos e conversas sobre alunos, desafios e conquistas. Entrou pela primeira vez em uma sala de aula em 2019 e, desde então, nunca mais saiu.
Descobriu na prática que seu lugar também era ali, entre crianças, sonhos e possibilidades, movida pelo mesmo amor que sempre viu refletido na trajetória da mãe Maria, com mais de 20 anos de profissão, e da irmã Samantha, com mais de 15. O início foi desafiador.
A primeira experiência em sala trouxe o enfrentamento direto com as dificuldades de aprendizagem de uma criança, exigindo paciência, persistência e sensibilidade. Nathalia aprendeu que educar é um trabalho de formiguinha, feito no detalhe, no dia a dia, no esforço conjunto.
O medo deu lugar à descoberta mais gratificante: ver a evolução acontecer de verdade. Cada avanço, cada leitura conquistada e cada olhar de compreensão reforçavam que aquele caminho, apesar de árduo, era o certo. Durante a pandemia, acompanhando de perto as aulas on-line da mãe e da irmã, Nathalia enxergou uma realidade que mudaria sua própria trajetória.
As crianças tinham enorme dificuldade de leitura, interpretação e, em muitos casos, nem sequer acesso adequado às aulas virtuais. Foi ali que ela entendeu que não bastava apenas observar era preciso agir. O voluntariado surgiu como resposta a essa urgência e se transformou em propósito.
A educação deixou de ser apenas profissão e passou a ser missão. O trabalho voluntário revelou o poder real do ensino na transformação de vidas. Nathalia viu crianças aprenderem a ler e, mais do que isso, ensinarem os próprios pais a escrever o nome.
Viu famílias melhorarem de vida, conquistarem moradia digna e trabalho a partir dessas pequenas grandes conquistas. Hoje, também mãe de um menino de 4 anos, ela carrega na maternidade a base de sua empatia, do brincar, da adaptação e do amor que leva para a sala de aula.
Para Nathalia, desistir de ensinar é desistir do futuro e enquanto houver uma criança precisando aprender, ela seguirá acreditando que a educação ainda é a força mais poderosa de transformação.
Ensinar é mais do que transmitir conteúdo: é despertar coragem para viver
Trabalhar por conta própria nunca foi simples para Nathalia Rocha dos Santos. A falta de material, a ausência de um espaço adequado e a desvalorização profissional a colocaram várias vezes diante da vontade de desistir.
Houve momentos de incerteza, de medo e de cansaço. Mas sempre que pensava em parar, uma verdade mais forte falava mais alto: desistir de dar aula é desistir do futuro da nação. E foi essa convicção que manteve seus passos firmes mesmo quando o caminho parecia estreito demais.
Nathalia acredita que cada criança que deixa de aprender é uma vida em risco, vulnerável às drogas, à violência e à ausência de sonhos. Para ela, ensinar não é apenas transmitir conteúdo, é mostrar possibilidades, abrir horizontes, despertar a certeza de que cada um é capaz de ir além da própria realidade.
Seu trabalho vai além da alfabetização ele toca autoestima, identidade, dignidade e futuro. A mensagem que ela carrega é simples, mas poderosa: nunca diga a uma criança que sonhar é bobagem. Nathalia defende que até nas situações mais difíceis existe um jeito, um caminho, uma chance.
“Desistir de ensinar é desistir do futuro de uma nação inteira.”