Convidado da Semana
A Magia das Pequenas Luzes

Foto reprodução: Confraria da Poesia Informal: OS VAGALUMES
Há tempos caminho pelos trilhos da educação. Passei por muitas escolas, cada uma com seu ritmo, suas vozes, seus silêncios. Em cada uma, descobri que ensinar não é apenas transmitir conhecimento — é, acima de tudo, tocar. E, às vezes, encantar. Já vivi isso dos dois lados da sala. Já fui aluna — daquelas que se perdiam nas histórias bem contadas, no brilho no olhar de quem ensinava com paixão. E, felizmente, já fui também aquela que, sem perceber, provocou esse mesmo encantamento em outros olhos atentos.
Outro dia, numa noite clara, caminhávamos pelo sítio onde moro, em Guararema. A noite estava especialmente enluarada, e foi então que os vi — vagalumes. Pequenas luzes acendendo a mata, como se alguém tivesse derramado um punhado de estrelas sobre as folhas.
Naquele instante, não vi apenas a beleza do presente. Fui puxada para uma lembrança antiga, de quando contei aos meus alunos uma história sobre este mesmo lugar. Falei do morro atrás da minha casa, que à noite parecia se acender com as luzes suaves dos vagalumes. Era verdade. Era lindo. E eu, empolgada, contei como quem compartilha um segredo mágico.
O tempo passou, e um dia fui surpreendida por uma mãe que veio até mim. Disse que sua filha queria visitar o “morro das luzes naturais”. Ela queria ver com os próprios olhos os vagalumes que ouviu na história. Naquele momento, percebi: o encantamento aconteceu. De alguma forma, aquelas palavras acenderam uma luz.
Hoje, infelizmente, os vagalumes rarearam por aqui. A natureza já não brilha como antes. Mas não quero falar sobre perdas, e sim sobre aquilo que ainda podemos preservar: os sonhos, o encantamento, a vontade de contar histórias que acendam os olhos dos outros.
Há algo de profundamente bonito no modo como os vagalumes iluminam a noite. Dentro deles, existe uma lanterninha viva — um pequeno milagre químico, onde a luciferina, ao encontrar o oxigênio e a enzima luciferase, produz uma luz fria, suave, que não queima. Uma luz que apenas encanta.
E o mais bonito é que eles sabem a hora de brilhar. Escolhem quando acender sua luz — seja para chamar um amor, seja para dizer ao mundo: “estou aqui”, mesmo sendo pequenos.
Às vezes penso que educar é isso: ser vagalume. Acender luzes quando for preciso, tocar suavemente o escuro com algo que brilha de dentro. E, acima de tudo, deixar que essa luz continue a viajar, mesmo quando não estamos mais olhando.
A vida é breve, tão breve. Ainda assim, algumas luzes seguem pulsando no escuro — discretas, mas teimosas.


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