Anderson Costa

O turismo e o novo normal

Anderson Costa

Publicado

há 3 anos

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O turismo e o novo normal

Não há dúvidas que o setor de turismo é um dos mais atingidos pela crise global, causada pela epidemia do novo coronavírus, COVID-19. E na humilde opinião deste que vos escreve, é mundialmente o setor mais afetado entre todos os setores da economia mundial.

Vemos gigantes da aviação cancelando rotas, efetuando demissões em massa, devolvendo aviões e cancelando pedidos de aeronaves. Também assistimos à quebra de pequenas agências de viagens, incapazes de se sustentar por meses a fio sem nenhuma venda e o desaparecimento da inglesa Thomas Cook, primeira e maior agência de viagens do mundo, que possuía a sua própria frota de aviões. Além da quebra e do comprometimento dos serviços dos pequenos e grandes players do turismo, cidades inteiras também sentem na carne esse impacto, pois, há muitas cidades no Brasil e no mundo que são totalmente dependentes do turismo como Rio Quente, em Goiás, Ouro Preto, Bonito, em Mato Grosso do Sul, Paris, Madri e Veneza.

Para ilustrar bem essa situação, podemos falar da cidade de Gramado, no Rio Grande do Sul, que tem 85% do seu PIB proveniente do turismo. E recentemente, tivemos também o anúncio do cancelamento da temporada de cruzeiros na América do Sul, pela Costa Cruzeiros. Entretanto, uma luz no fim do túnel começa a surgir. De acordo com especialistas, o novo coronavírus deve circular no Brasil até o mês de setembro e já é perceptível a movimentação das pessoas, no sentido de voltar a viajar, após esse período, especialmente com a proximidade de uma vacina.

O setor enfrentará um retorno gradual às viagens nos próximos meses, em meio a um "novo normal" antes que uma vacina se torne disponível em escala maciça. Diante disso, a colaboração público-privada entre empresas e governos é vital para o desenvolvimento de novos protocolos de saúde que formarão a experiência de viagem e também fornecerão às pessoas fortes garantias ao viajar.

É provável que os deslocamentos retornem primeiro aos mercados domésticos, depois para os vizinhos mais próximos de um país antes de expandir pelas regiões e, finalmente, pelos continentes para dar as boas-vindas ao retorno de viagens a destinos internacionais de longo curso. É provável que viajantes mais jovens na faixa etária de 18 a 35 anos, que parecem ser menos vulneráveis ao novo coronavírus, também podem estar entre os primeiros a começar a viajar novamente.

Haverá novos protocolos para check-in envolvendo tecnologia digital, estações de álcool gel para as mãos em pontos frequentes, inclusive onde a bagagem é armazenada, pagamento contactless (sistema de pagamento sem contato) em vez de dinheiro, uso mais frequente de escadas em vez de elevadores e equipamentos de ginástica com maior distância entre eles são algumas das ações que poderão ser vistas em um futuro breve.

Os passageiros nos aeroportos serão testados antes de voar e na chegada ao aeroporto de destino. Eles também podem esperar ver medidas de distanciamento social no próprio terminal e durante o embarque, além de usar máscaras a bordo. As aeronaves também estarão sujeitas a regimes de limpeza intensivos, que serão combinados com o rastreamento via aplicativo móvel, que permitirá que os voos deixem os aeroportos sem o coronavírus. Além dos protocolos de segurança sanitária, é muito importante que os passageiros certifiquem-se das exigências para a entrada em determinados destinos. Por exemplo, os Estados Unidos e algumas cidades da Europa, ainda permanecem fechados a entrada de brasileiros, portanto, é necessário certificar-se dessas restrições antes de adquirir um pacote de viagem.

É justamente por causa dessas restrições, e do câmbio supervalorizado, que o setor aposta em uma retomada gradual a partir do turismo interno, onde os brasileiros poderão circular sem grandes dificuldades.

Anderson Costa, 45 anos, casado, pai de um filho. É graduado em História, e tem mais de 18 anos de experiência na aviação civil brasileira, sendo que nos últimos 15 anos, como comissário de voo nas rotas internacionais da LATAM. É fã de rock and roll, das grandes bandas dos anos 80 e de filmes, livros e séries relacionados aos grandes feitos do passado. É sócio fundador da Costa Norte Viagens e Turismo, da cidade de Guararema.