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“Me senti um lixo”, conta comerciante sobre ação da Prefeitura de Poá

Trabalhadores teriam recebido prazo de 1 mês para retirarem trailers e bancas das praças

Fabrício Mello

Publicado

há 2 anos

em

“Me senti um lixo”, conta comerciante sobre ação da Prefeitura de Poá

Vania Sousa

Na manhã de terça-feira (28), comerciantes de Poá protestaram contra a decisão da prefeitura que busca remover trailers, barracas e bancas de diversos pontos da cidade. Já no período da tarde, a prefeita Marcia Bin recebeu uma comissão, representando o grupo, para uma reunião. 

O encontro explanou as dúvidas sobre o inquérito civil instaurado pelo Ministério Público (MP) e resultou em novo prazo pela regularização e contou, também, com a presença de outros representantes de Administração Municipal e dos vereadores Lucas Alves Ferrari (PSC) e José Fabrício de Oliveira (PSDB), que mediaram a conversa com os comerciantes.

Os ambulantes, ou ‘barraqueiros’, como são conhecidos na região, receberam uma notificação da prefeitura no dia 22, que estipulava um período de 30 dias para que removessem os trailers da Praça dos Expedicionários. O grupo, então, se reuniu e organizou um protesto contra a decisão da prefeitura.

“Chegou o fiscal da Prefeitura, me entregou a notificação e disse que eu tinha 30 dias para sair dali, por bem ou por mal”, explicou Márcia Regina Pereira, uma das comerciantes que participou do ato e uma das mais antigas do município. “Quando é assim, eles chegam com um caminhão e levam as bancas embora, como se fosse uma caçamba de lixo. Fizeram isso com duas bancas 15 dias atrás,” explicou.


Cartazes foram utilizados durante o protesto. Foto: Márcia Regina Pereira

Ela também conta que não conseguiu entrar em contato com o Executivo da cidade. Segundo a comerciante, o descaso da prefeitura foi grande. “Me senti um lixo. Como um entulho que querem jogar fora, sem mais nem menos. Não teve explicação nenhuma”, lamentou sobre o ocorrido.

Câmara

Mais tarde, no mesmo dia, durante a Sessão Ordinária na Câmara Municipal, vereadores se posicionaram sobre o acontecimento. A Sessão também contou com a presença dos comerciantes.

“Nós estamos em um período de pandemia, é um absurdo tirar vocês de uma forma grotesca assim”, ressaltou o vereador Luiz Eduardo Oliveira Alves, o Edinho (PODE). “Não houve omissão por parte dos comerciantes, o que houve foi a falta de procura por parte da Administração Municipal”, acrescentou.

“O momento é inoportuno para esse tipo de decisão. Ainda mais sem estratégia ou plano de ação. Para realocar os trabalhadores, o Executivo teria que ter um local designado para acomodá-los, mas isso não é simples”, criticou o vereador Saulo Dentista (DEM), sobre a imposição feita pela prefeitura. 

De acordo com o inquérito civil do MP, as barracas estão localizadas nas Praças Atílio Santarelli, Rui Barbosa e Elias Youssef Tanous e na Travessa Miguel Saad, na região central, além do estacionamento do Pronto Atendimento do Hospital Guido Guida, no Jardim Medina.