Editorial
Lula e suas falas péssimas, seria cômico se não fosse trágico
Ao relativizar o tráfico e se omitir sobre o Rio, o presidente mostra sua incapacidade de governar

Enquanto o Rio de Janeiro tenta enfrentar o crime organizado em uma das operações mais letais de sua história, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva parece continuar preso a discursos que caberiam melhor em uma sala de sociologia do que na liderança de um país. Sua recente declaração de que “os traficantes são vítimas dos usuários” é o retrato de um governo que prefere relativizar a violência do tráfico a encarar o problema de frente.
Na mesma semana em que mais de 120 suspeitos foram mortos em confrontos com as forças de segurança, entre eles dezenas com mandados de prisão e lideranças do Comando Vermelho, o presidente escolheu dizer, em coletiva internacional, que é preciso ter “cuidado” com os traficantes. A fala gerou repúdio até entre parlamentares e obrigou o Planalto a publicar uma retratação apressada nas redes sociais, mas o estrago já estava feito, mais uma vez Lula falou muito e disse pouco.
Enquanto isso, o governo do Rio tenta manter a ofensiva contra facções que transformaram comunidades inteiras em territórios dominados, e o Supremo Tribunal Federal, em Brasília, ensaia mais uma vez interferir nas ações policiais sob o pretexto de “moderar” o uso da força. No meio desse tabuleiro, quem perde é o Estado, que se vê sem unidade e sem voz firme para conduzir o combate ao crime.
A verdade é que o presidente tenta, com discursos amenos e alianças políticas frágeis, agradar a todos, e acaba desagradando o país. Em vez de apoiar de forma clara as forças que arriscam a vida para retomar o controle do Rio, Lula opta por um discurso confuso, onde criminosos viram vítimas e a autoridade se dilui entre comitês e tribunais.
O Brasil precisa de liderança, não de frases mal colocadas. Precisa de governo, não de justificativas. E precisa, sobretudo, de coragem para enfrentar um inimigo que já não teme o Estado. O que se vê hoje é um presidente que fala demais, age de menos e transforma tragédias em piadas de mau gosto, seria cômico, se não fosse trágico.
















