Editorial
Tiririca abandona o “Boy” e o PL perde seu palhaço mais valioso
De puxador de votos a ex-aliado, Tiririca deixa Valdemar Costa Neto "Boy" e o PL sem graça

Tiririca, o palhaço que virou deputado e o deputado que virou fenômeno eleitoral, decidiu mudar o palco. Depois de quatro mandatos consecutivos por São Paulo, ele deixou o Partido Liberal e o seu padrinho político, Valdemar Costa Neto, para se filiar ao PSD e transferir o domicílio eleitoral para o Ceará. O humorista, que um dia foi o grande puxador de votos do PL, agora tenta recomeçar em outro estado, longe de quem o lançou na política.
Em 2010, Tiririca foi o fenômeno das urnas: mais de 1,3 milhão de votos o transformaram no deputado mais votado do país. O “efeito Tiririca” arrastou nomes desconhecidos e consolidou a força de Valdemar em Brasília. Em 2014, o humorista repetiu o feito com outro milhão de votos, garantindo ao PL um dos maiores coeficientes eleitorais de São Paulo. Tiririca era o rosto popular de um partido que sabia capitalizar o protesto com humor.
Mas o riso perdeu força. Em 2022, o mesmo Tiririca que antes lotava palanques teve apenas 71 mil votos, caindo para o fim da fila de eleitos. O eleitor cansou da piada repetida, e o partido percebeu que o personagem já não sustentava o espetáculo. A mudança para o PSD e a migração para o Ceará soam mais como fuga de decadência do que como renovação política.
A saída de Tiririca deixa Valdemar Costa Neto, o “Boy” de Mogi das Cruzes, sem seu principal ativo eleitoral. Durante anos, o humorista foi a vitrine do partido, o rosto simples que traduzia votos em mandatos e garantia espaço na Câmara para dezenas de aliados. Agora, sem ele, o PL perde o símbolo que misturava carisma, irreverência e poder de voto.
O palhaço que dizia “pior que tá, não fica” provou o contrário: ficou. E, ao sair de cena, mostrou que o show político também cansa. Para Valdemar, fica a lição de que, na política como no circo, o público muda, e os aplausos um dia acabam.

















