Laura Ossietinsky

Dieta eficaz – o paradoxo da alimentação moderna

Laura Ossietinsky

Publicado

há 3 anos

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 Dieta eficaz – o paradoxo da alimentação moderna

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Quero começar este texto com uma afirmação: A alimentação adequada é a base da saúde. Há um provérbio indiano milenar que diz: “Sem uma boa alimentação nenhum remédio faz efeito. Com uma boa alimentação nenhum remédio é necessário”.

Nos dias atuais vemos surgir uma crescente conscientização sobre saúde e alimentação. E não raro vemos a palavra saúde associada à dieta. Experimente digitar a palavra “dieta” no Google e você se surpreenderá com a esmagadora quantidade de resultados – mais de 250 milhões de referências a esta simples palavra!

Há quem passe a vida sem jamais ter se preocupado em fazer uma dieta. Mas há também aqueles que estão constantemente fazendo dieta, experimentando essa ou aquela novidade, a fim de alcançar suas metas de alimentação, seja pelo motivo que for. 

Verdade seja dita: nós não conseguimos ter uma vida realmente produtiva sem alimentação adequada. Mas, o que vem a ser ‘alimentação adequada’? 

Quando buscamos na internet uma definição para ‘dieta’, encontramos em geral a seguinte explicação: “DIETA – Controle do consumo de alimentos e bebidas com intenção de perder, ganhar ou manter o peso”. 

Para os que aderem a uma dieta (seja qual for), o peso sempre vem a ser o sinalizador principal da eficácia de tal dieta. No entanto, precisamos entender o seguinte: o peso ideal sempre será consequência de uma vida saudável, e não a conquista principal em um regime alimentar. Existem dietas que são capazes de promover grande perda de peso em pouquíssimo tempo, mas que juntamente com isso causam a perda de nutrientes essenciais, colocando a saúde em risco. Por outro lado, quando a alimentação é adequada e eficaz, ela produzirá seus resultados positivos no corpo e no organismo como um todo, e pode ser que não leve primeiramente à perda de peso, mas sim a uma redução nas medidas.

Eu, particularmente, não acredito no conceito de dieta que o mundo moderno criou. A dieta, como utilizada nos dias de hoje, consiste de uma alteração temporária nos padrões alimentares para alcançar um objetivo de curto prazo, como por exemplo, entrar num determinado traje para aquela ocasião especial. Entretanto, para mim a palavra dieta na sua origem tradicional significa estilo de vida; ou seja, é o modo de vida adequado a uma determinada espécie. Cada espécie em nosso planeta possui a sua própria alimentação, ou seja, a sua dieta. E quanto mais o organismo receber esta alimentação adequada, mais saudável será. Pode até ser que se façam algumas alterações, por motivo de sensibilidade alimentar, para determinadas pessoas. Porém, o que não se pode negar é que a espécie homo sapiens possui como alimentação específica um grupo de nutrientes essenciais à sua subsistência e, portanto, há certas vitaminas e minerais que necessitamos, assim como determinados tipos de fibras, proteínas e aminoácidos indispensáveis à manutenção da saúde e do desenvolvimento como seres humanos. Sendo assim, tudo que precisamos para ter saúde é procurar satisfazer plenamente essas necessidades nutricionais. O princípio fundamental da nutrição adequada estabelece que o fator determinante para nossa saúde consiste muito mais em suprir esses requisitos nutricionais essenciais do que em eliminar um ou outro tipo de alimento. A alimentação funcional nos servirá principalmente como uma medicina preventiva. Exemplo: Não devemos esperar, ao adoecer, que frutas e verduras combatam nossas doenças, mas a ausência delas na alimentação dia após dia é o que nos torna suscetíveis ao adoecimento. 

Quando pensamos em dieta, ou mesmo quando queremos enfeitar essa palavra mudando o termo para “regime” ou “reeducação alimentar”, a primeira coisa que geralmente nos ocorre é pensarmos em tudo que devemos eliminar da nossa lista de alimentos nocivos. Mas, e se eu te dissesse que no momento em que você tomar a decisão de modificar sua alimentação, inicialmente você não deve mudar nada – absolutamente nada – em sua rotina alimentar? Como você reagiria diante dessa minha proposta? Há aí algo que daria uma boa reflexão, não acha?

A pergunta é: Por que é que precisamos que alguém nos discipline, que alguém venha e diga o que devemos comer, ou quando devemos comer? Você já parou pra pensar porque é que toda dieta sempre impõe cortes, ou restringe as possibilidades a poucos grupos de alimentos? Quando falamos em resultados à curto prazo, este modelo até pode funcionar. E é justamente daí que surge a compreensão atual sobre dieta – restrição – que visa o controle de calorias, com o objetivo primário de reduzir peso.

Porém, você não gostaria de experimentar mudanças que permaneçam? Mesmo que elas venham de forma mais gradativa e consciente?

A dieta correta não é aquela que já começa com a ação de cortar radicalmente isso ou aquilo que você já está habituado a comer, porque sabe que lhe prejudica. A dieta capaz de trazer resultados reais consiste de um programa permanente de mudanças que leve você a construir em seu estilo de vida melhorias constantes, diárias, que proporcionem o aumento da qualidade de vida e, quem sabe, até a longevidade!

Meu convite para você hoje é que dê o primeiro passo em direção a uma nova forma de compreender a palavra dieta: como um estilo de vida, e não simplesmente como um período de privações.  E que te leve antes de tudo a uma reflexão sobre o que você come e porque come o que come. Se desejar, durante a primeira semana você pode fazer um diário, e anotar nele o que você comeu, e como você se sentiu antes, durante e depois de fazer suas escolhas alimentares. Tendo em mente essa atitude correta em relação à alimentação, você será capaz de criar mudanças incrivelmente duradouras que lhe trarão resultados visíveis, a médio e longo prazo!

Laura Ossietinsky é especialista em Alimentação Funcional, Naturopatia Clínica Avançada e Ortomolecular. Através da Medicina Integrativa tem descoberto a correlação entre nutrição adequada e funcionamento do corpo humano, compreendendo e utilizando meios naturais e holísticos tanto para cura das desordens funcionais, quanto para otimização da saúde.

Iniciei minha formação na área da saúde em 2011, tendo me formado Doula e Educadora Perinatal, e então segui com meus estudos escolhendo fazer Medicina na USP para me especializar em Obstetrícia. Depois migrei para a Medicina Integrativa, pois entendi que esta me ajudaria a compreender o ser humano de forma mais holística, e isso me possibilitaria agir na causa das doenças, e não meramente em seus sintomas. A partir daí iniciei uma extensão acadêmica em Naturopatia Clínica Avançada, ainda enquanto morava em Israel. E neste ano de 2020 tendo me mudado para o Brasil, continuei meus estudos, iniciando pós graduação em Ortomolecular com especialização em Talassoterapia (uso da água do mar, bem como das algas e da lama, como terapia integrativa). Há alguns anos já atuo orientando as pessoas que buscam um caminho diferenciado para cuidar da saúde, desenvolvendo a consciência de que a alimentação adequada, e não a medicina, é a base para a saúde e para a prevenção de doenças. Hoje estou desenvolvendo um projeto de assessoria em saúde e bem-estar ao qual chamei de Haretz (terra), no qual dou suporte aos pacientes que buscam qualidade de vida através da alimentação e do equilíbrio do organismo com níveis adequados de nutrientes, vitaminas, minerais, aminoácidos e tudo o mais que contribua com a correta funcionalidade do corpo e da mente.