Ana Luiza Moreira
Will Smith: Dois Pesos e Duas Medidas
O Oscar 2022 certamente não será lembrado pelos filmes vencedores ou pelas homenagens feitas. O grande destaque da noite foi o momento desconcertante que ocorreu entre Will Smith e Chris Rock- uso esse adjetivo porque até o momento me faltam palavras para descrever o ocorrido.
Em um breve contexto, Rock fez uma piada sobre a cabeça raspada de Jada Pinkett Smith, que atualmente está assim por conta de uma doença chamada alopecia. Após a "brincadeira" que claramente foi incômoda para Jada, seu marido subiu ao palco e deu um tapa no humorista.
A internet fervilhou após o acontecimento e continua assim até hoje, isso porque, o caso ainda gera consequências para ambos, sendo que Chris Rock está lotando shows e Will Smith acaba de ser banido por 10 anos de ir a todos os eventos organizados pela Academia de Hollywood, incluindo o Oscar.
Você pode se perguntar, mas não devemos punir a violência? E eu acredito que sim, nenhum tipo de violência deveria ser aceita, só que isso também inclui a verbal, que pode ser tão dolorosa quanto a física. O que encaro como absurdo aqui é que nos foquemos apenas no ataque de Will Smith e nos esqueçamos do que Chris Rock causou à Jada.
Não existe isso de toda piada é válida, falar da aparência dos outros, de traumas que eles passaram, de lutas que estão travando é de um mau gosto tremendo, principalmente levando em consideração que este já foi um tema levantado por Chris Rock em seu documentário Good Hair. Muito importante dizer que a obra foi produzida após desconfortos da filha de Rock com seu cabelo.
Mas vamos lá, não vou me repetir mais sobre o caso, o que quero deixar aqui é um questionamento: Porque a violência verbal ainda é aceita ou pouco considerada? Porque a balança ainda pesa mais para um lado quando ambos erram? E por fim, é justa a forma como estamos tratando esta situação?