Guararema

A Túnica Sem Costura

José Freire

Publicado

há 4 anos

em

A Túnica Sem Costura

“A vaidade deve ser evitada; mas todo homem deve se vestir bem, segundo seu posto, a fim de que sua esposa possa amá-lo mais facilmente.” Atribui-se a frase acima ao rei São Luís; nela, transmite-se a importância de algo negligenciado na sociedade contemporânea: vestir-se bem. Segundo um teólogo medieval, a vestimenta apresenta quatro finalidades: (i) física: proteger contra o frio; (ii) moral: cobrir a nudez; (iii) estética: manter a boa aparência; (iv) social: conservar a dignidade do estado de cada um. Enquanto a primeira finalidade ainda é reconhecida, as demais parecem ter caído em descaso. Afinal, especialmente no verão de um país tropical, imperam as roupas curtas, colantes e, não raramente, desprovidas de qualquer beleza. Qual é o problema nisso? Primeiramente, o sentido de se cobrir algo está relacionado à dignidade do conteúdo que se cobre, como no caso de um presente. Assim, o tipo de roupa que se escolhe para vestir reflete a (in)dignidade do corpo de cada pessoa. Mister pontuar que se vestir com dignidade e elegância independe da condição social de alguém ou do seus deveres de estado. Prova disso são os exemplos deixados por São Francisco e Santo Tomás de Aquino: ambos membros de ordens mendicantes cuja simplicidade na vestimenta jamais de confundiu com desleixo. Haveria exemplo mais emblemático do que o de Jesus? Depois, pegaram a túnica. Mas descobriram que ela fora confeccionada sem costura. Isto é, fora tecida de alto a baixo como uma única peça de tecido, sem emenda. Os soldados disseram entre si: - Não vamos rasgá-la, mas sim sorteá-la para ver com quem ela ficará. Esse trecho revela-nos uma realidade muitas vezes ignorada: Jesus vestia-se bem! Afinal, por que os centuriões sorteariam a sua túnica entre si? Se Jesus, carpinteiro humildade de uma cidade pequeniníssima da Galileia, vestia-se bem, por que nós não nos vestiríamos? Vestir-se bem é algo desnecessário, assim como a amizade, o amor e as brincadeiras. Entretanto, apesar de supérfluos, alguém escolheria viver sem ter amigos, amores e brincadeiras? Beleza não se põe na mesa, muitos dizem. Entretanto, nem só de pão vive o homem: se o pão é alimento para o corpo, a beleza o é para a alma.

José Freire Nunes é  um jovem de 24 anos, que se formou na Universidade de São Paulo (USP) no ano de 2016 no curso de Direito. Atualmente, atua como mentor educacional. Freire, fez cursos no Canadá, Estados Unidos e Inglaterra.  Os cursos consistiram em seminários de verão de 4 dias a até 15 e cursos de inglês de até 4 semanas. 
Os cursos ocorrerem na Universidade de Cambridge (UK), Universidade de Harvard, Universidade de Yale e Bryn Mawr College.