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O carpinteiro de Nazaré

O carpinteiro de Nazaré

Ora, não é ele o filho do carpinteiro? (Mt 13,55). No dia 19 de março comemoramos o dia desse carpinteiro: José, o pai de Jesus. Pode-se pensar que se trata de mais um dentre inúmeros santos ao qual recorremos devotamente. 
Contudo, esse homem, por ser tão humildade e silencioso, esconde riquezas que passam desapercebidas aos olhos humanos. São José era conhecido pelo seu ofício: carpinteiro; ofício manual que entre os judeus era muito estimado. Mesmo um judeu com posses em sua época também tinha alguma habilidade manual. Diferentemente dos pagãos, que colocam o trabalho manual como uma categoria inferior, os judeus entendem que ao trabalhar usando as mãos imita-se o próprio Deus, que sujou suas mãos para criar o mundo. 
Por conta do passado recente da escravidão e da colonização portuguesa, no Brasil o trabalho manual tende a ser tratado com descaso, senão asco. 
Oxalá possamos aprender de São José a humildade de empregar nosso esforço em qualquer empreendimento honesto! O valor do trabalho não se mede por sua natureza – seja ele doméstico, profissional ou voluntário – mas sim pela atitude daquele que o realiza. Quanto mais amor em trabalhar, maior será o valor do trabalho.
São José também esteve sempre ao lado de sua esposa, tanto na viagem a Belém como ao Egito. Quanto ao exílio no Egito, devemos ter em mente a precariedade da situação em que a Sagrada Família se encontrava, estando desprovida dos recursos mais básicos para subsistência. 
Diante disso, tentando trazer essa situação para a atualidade, seria mais provável encontrar a Sagrada Família dormindo ao lado de andarilhos e mendigos na Praça da Sé do que na região dos Jardins e Pinheiros na cidade de São Paulo. 
Disso, São José nos ensina a virtude da lealdade a sua esposa e da pobreza, mostrando que, no meio de indigentes, podemos encontrar uma sagrada família.
Por fim, São José tinha ascendência real da casa de Davi. Apesar disso, ele em nada procurou se singularizar dos demais judeus de sua época. Prova disso é sua sujeição ao recenseamento compulsório e aos ritos judaicos de apresentação dos recém-nascidos e da páscoa. 
Numa época em que se fala muito de direitos, por que não imitar a simplicidade de um nobre que escolheu viver como plebeu? 
Eis aí um singelo retrato desse carpinteiro de Nazaré: um homem que foi grande aos olhos de Deus o suficiente para se fazer pequeno aos olhos dos homens.