Cidadania Digital

As mídias são onipresentes, ou seja, encontram-se em todos os lugares - na vida social, cultural, educacional, política -, influenciando e condicionando novos modos de ser e estar no mundo. A imersão no universo informacional – cujo fluxo é mais constante no ambiente digital – tem exigido da sociedade um olhar mais crítico ao que assiste, ouve, lê e acompanha.

Para quê? Para se apropriar desses recursos com propriedade! Ou seja, entendendo o viés comunicacional, e não apenas informacional, do que transmitem. O primeiro se volta ao diálogo, e o segundo, à transmissão. Enquanto um é horizontal, emancipador; o outro é vertical, doutrinador. Diferenciar os modos que operam – ora imperativo, ora reflexivo – exige entendimento do cenário contemporâneo.

A contemporaneidade delineia as necessidades formativas do ser humano, envolto em constantes inovações. E, dentre as atuais, estão as alinhadas ao olhar crítico e criativo para as mídias, que, desde os anos 1950/1960, instigam pesquisas nacionais e internacionais para entender a influência desses meios nas questões socioculturais, mas, sobretudo, a importância desse debate nos espaços educacionais, propensos à formação de gerações que saibam não apenas manusear os dispositivos comunicacionais e acessar as fontes informativas, mas, em especial, compreendam os processos comunicativos, reconheçam as intencionalidades, investiguem a veracidade do que recebem e exerçam a postura cidadã frente a esses recursos, ou seja, aprendam a usar as TICs (Tecnologias da Informação e Comunicação) como meios de participação e expressão de suas opiniões e saberes.

Em meio às novas urgências, a educação digital e midiática passa a receber diretrizes curriculares – anunciadas recentemente pelo Ministério de Educação – que auxiliarão no contínuo processo formativo entre alunos e professores. São recomendações nacionais que poderão trazer maior referência aos projetos nessa área, como os voltados à Educomunicação; e oferecer suporte aos educadores, no geral, para que o tema possa ser desenvolvido transversalmente nos diferentes componentes curriculares.

Integrar as mídias nos processos educacionais em todos os níveis representa uma formação em consonância com as demandas sociais e culturais e a preocupação em fomentar conhecimentos imprescindíveis para o atual exercício da cidadania: o midiático, informacional e tecnológico.

A partir desta semana passo a compartilhar com os leitores do O Novo insights sobre o universo educacional. São muitos os assuntos que permeiam o interior de uma escola, que ganha vida com o fazer docente e o aprender discente. Diante dos desafios, essa comunidade - formada por professores, alunos, gestores, família e colaboradores - constantemente se reinventam para reconfigurar as práticas em meio às demandas contemporâneas, que giram em torno de uma área em acelerada inovação: as tecnologias digitais, em especial as de Comunicação e Informação, conhecidas como TDICs.

Como elas estão sendo articuladas no percurso educacional? Como os professores têm lidado com esses recursos, que, agora, estão inerentes à dinâmica docente? Como eles vêm acompanhando as experiências de seus alunos no ambiente virtual, repleto de possibilidades, ora positivas, mas, também, negativas?

Esta jornalista é especialista em Educomunicação, uma área que traz o diálogo entre a comunicação e a educação para a criação de ecossistemas comunicativos abertos, criativos e democráticos. Ou seja, investiga os hábitos midiáticos, informativos e tecnológicos, em especial das infâncias e juventudes, a fim de conhecer sua presença nos espaços digitais.

Indagações importantes para orientá-los a usar os dispositivos com intencionalidade educativa e a navegar nas redes com responsabilidade. Por aqui, serão compartilhados temas inspirados nos bastidores docentes e diálogos discentes, e, ainda, fundamentados pela Educomunicação. Cidadania digital, educação midiática, alfabetização e letramento informacional e tecnológica, metodologias ativas estão entre eles. Espero ser um espaço de trocas entre educadores e entusiastas da Educação, para que todos conheçam – mesmo que suscintamente – a dinamicidade desse universo. 

Suéller Costa é jornalista, pedagoga, educomunicadora e pesquisadora. Doutoranda em Educação (FEUSP). Mestre em Ciências da Comunicação (ECA/USP). Especialista em Educomunicação (ECA/USP). Sócia da ABPEducom (Associação Brasileira dos Profissionais em Educomunicação) e APEP (Associação dos Professores de Escolas Públicas). Idealizadora do Educom Alto Tietê, que desenvolve projetos em educação midiática, tecnológica e digital. Vencedora em vários prêmios voltados à Educação.