Celulares: proibir ou restringir? Equilibrar!

Na era da informação e da conectividade, trabalhar com projetos que envolvem mídias e tecnologias é muito mais do que acompanhar tendências: é uma necessidade para a formação de sujeitos críticos, criativos e engajados com a realidade. Sob o viés da Educomunicação, tais iniciativas promovem não apenas a apropriação técnica das ferramentas digitais, mas também o diálogo, a expressão, o protagonismo e a construção coletiva do saber.

Essas práticas possibilitam o desenvolvimento de conhecimentos múltiplos: dos aspectos cognitivos, que estimulam o pensamento lógico, a argumentação e a resolução de problemas, aos saberes mediados pelas tecnologias digitais e mídias — como leitura crítica, produção de conteúdos, ética no uso da informação e colaboração em ambientes digitais.

Ao integrar temas transversais — como ética, diversidade, meio ambiente e cidadania — os projetos educomunicativos também se alinham às dez competências gerais da BNCC. Eles promovem o pensamento científico, o repertório cultural, o uso responsável da tecnologia, a empatia, a responsabilidade e o protagonismo social, de forma interdisciplinar e contextualizada.

Mais do que isso, essas experiências convergem de forma poderosa com os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) propostos pela Organização das Nações Unidas (ONU), fortalecendo o papel da escola como espaço de transformação social. Projetos que discutem igualdade de gênero, preservação ambiental, saúde e bem-estar, por exemplo, tornam-se pontes entre os saberes escolares e a vivência cidadã.

Portanto, incorporar mídias e tecnologias com intencionalidade pedagógica é abrir caminhos para uma educação conectada com o presente, comprometida com o futuro e capaz de formar cidadãos críticos, criativos e conscientes de seu papel no mundo.

Estamos vivendo uma Revolução Digital, que, desde os anos 1980, vem transformando não apenas os aparatos tecnológicos como também os comportamentos humanos e as formas de socialização. Também conhecida como Terceira Revolução Industrial, esse período representa a transição das tecnologias analógicas para as digitais, representadas pela popularização dos computadores, notebooks e tablets, invenção de smartphones, televisões digitais e relógios inteligentes, dentre outras inovações reconhecidas em, praticamente, todos os setores.

Na Educação, não tem sido diferente. Já é possível sentir os impactos dessas transformações, exigindo dos educadores uma mudança nos modos de ensinar, uma vez que a contemporaneidade nos propicia outras maneiras de aprender. Em meio à Inteligência Artificial Generativa, Robotização, Realidade Virtual e Aumentada, plataformas, internet, smartphones, torna-se necessário o entendimento dos novos formatos comunicacionais para a promoção de uma aprendizagem com o uso de tecnologias de informação e comunicação (TICs) com vista ao desbravamento do universo multimídia.

Em um primeiro momento, o cenário é deslumbrante; em outro, duvidoso, em vista da certeza de que, no Brasil, ainda não se tem uma educação, de fato, equitativa. Quando falamos em tecnologias, esta realidade é comprovada. Afinal, segundo o levantamento do NIC.br (Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR), 89% das escolas estaduais e municipais do Brasil estão conectadas à internet. No entanto, apenas 11% dessas escolas têm internet com velocidade adequada. 

Para uma educação transformadora – sob o ponto de vista digital - há a necessidade de universalizar o acesso à internet e aos dispositivos digitais, promover ações de letramento digital e a necessidade de programas de formação de professores sobre espaços virtuais de aprendizagem, ensino híbrido, planejamento educomunicativo, além de segurança cibernética.

É urgente orientar os usos críticos, éticos, responsáveis das tecnologias – e das mídias com elas desenvolvidas –, uma vez que elas conduzem atividades não só escolares, como também tarefas da vida cotidiana. A conectividade é fundamental para que os alunos tenham acesso a informações, oportunidades e à cidadania, que também já se estende à digital. 

Imperativos, imediatistas e acelerados. Não é uma regra, afinal, cada ser humano tem uma personalidade, mas as descrições iniciais ilustram as características de uma boa parte daqueles que se encontram na Geração Alpha.

Este é o nome dado aos que nasceram a partir de 2010 e às crianças que chegarão até 2025. Eles sucedem a Geração Z, que engloba os nascidos entre 1997 e 2009. Trata-se de um grupo que chegou com a tecnologia na palma da mão. Esses jovens têm facilidade com esse recurso, são curiosos, criativos e inteligentes, e, por sua vez, dinâmicos. No entanto, demonstram impaciência com a jornada estudantil, que é linear, metódica e sincronizada. Exige paciência, concentração e, acima de tudo, disciplina para que o conhecimento se consolide e o aprendizado seja próspero.

Para a educação, é uma geração desafiadora. Afinal, o aprender não é instantâneo, passa por um processo formativo que demanda concentração para entender a complexidade dos conteúdos curriculares; curiosidade para explorar os tempos e espaços escolares; criatividade para desbravar os formatos usados para promover o aprendizado, e, por sua vez, autonomia para que os jovens sejam protagonistas de um ensino que evidencie seus potenciais.

Trata-se de uma geração que precisa de mediação para entender que o planejar vem antes do fazer; e o pensar antes do agir. Em tempos de respostas prontas, informações acessíveis e conteúdo à disposição, como driblar a imperatividade, a ansiedade, a impaciência, a frustração com os “nãos” e a intolerância desses jovens com “regras”, a fim de resgatar o interesse pelo aprender de forma autônoma; o criar de maneira criativa; o pensar com reflexividade; o investigar em busca do novo e a autoria com versatilidade? Eis o desafio! Afinal, essa geração exige novos modos de aprender.