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Coelhos com “tentáculos” e chifres assustam moradores nos Estados Unidos
Segundo especialistas, animais estão infectados com uma doença que existe desde a década de 30

Desde o início de agosto, moradores vêm relatando encontros com coelhos silvestres cobertos por estranhas protuberâncias, que lembram tentáculos retorcidos ou pequenos chifres saindo da cabeça. As imagens chocantes viralizaram nas redes sociais e rapidamente se espalharam pelo mundo com apelidos como “coelhos zumbis”, “Frankenstein rabbits” e até “demon bunnies”. Mas, por mais assustador que pareça, a explicação para o fenômeno é totalmente científica — e conhecida há décadas.
Segundo o órgão estadual Colorado Parks and Wildlife, os animais estão infectados com um vírus chamado Shope papillomavirus, também conhecido como cottontail rabbit papillomavirus (CRPV). Ele afeta apenas coelhos e causa o crescimento de tumores queratinosos, endurecidos e alongados, que podem assumir formas bizarras ao redor da face, da boca e das orelhas. “É algo que existe desde os anos 1930, mas a aparência sempre causa espanto, especialmente quando os casos se concentram em uma região como agora”, explica a bióloga de vida silvestre Jenna Michaels.
A doença foi descrita pela primeira vez pelo virologista Richard Shope, e acredita-se que ela tenha inspirado até a lenda folclórica americana do jackalope — um coelho com chifres de antílope. Embora os crescimentos possam lembrar criaturas de fantasia, são, na verdade, lesões causadas pelo próprio sistema imunológico dos animais em resposta ao vírus. Apesar da aparência grotesca, os especialistas garantem que o vírus não é transmissível entre espécies e que os coelhos selvagens costumam se recuperar naturalmente. Ainda assim, as lesões podem ser problemáticas para os coelhos: se crescerem demais, podem dificultar a alimentação ou a visão, enfraquecendo os animais ao longo do tempo.
Segundo os pesquisadores, os surtos são mais comuns nos meses quentes, como o verão, quando há maior atividade de insetos que podem facilitar a transmissão do vírus entre os coelhos. Com a chegada do outono e o fortalecimento do sistema imunológico, muitos dos infectados tendem a melhorar. “Ver um animal com a cabeça tomada por estruturas negras e retorcidas realmente assusta. Mas é importante lembrar que isso é uma manifestação natural de um vírus específico da espécie, e não algo sobrenatural ou mutante”, afirma Michaels.