Entrevistas
Urologista alerta que homens ainda negligenciam a própria saúde e reforça importância dos exames preventivos
A saúde do homem requer mais atenção e diálogo, e o Dr. Carlos Eduardo destaca que a prevenção começa com informação

Mesmo com anos de campanhas e ações de conscientização, muitos homens ainda resistem ao cuidado preventivo e à ida regular ao médico. O urologista Dr. Carlos Eduardo de Godói Marins, que atua na Rede Municipal de Saúde de Mogi das Cruzes e preside a Associação Paulista de Medicina, explica que o medo e o preconceito continuam sendo grandes barreiras na luta contra o câncer de próstata. “Os homens vivem menos que as mulheres, na maioria das vezes por falta de cuidado”, afirma o médico.
Ele lembra que, culturalmente, as mulheres são estimuladas a realizar exames desde cedo, enquanto os homens só procuram ajuda quando já estão com sintomas avançados. Segundo o especialista, o câncer de próstata é o segundo tipo mais comum entre os homens, atrás apenas do de pele. O problema é que a doença costuma ser silenciosa nas fases iniciais, o que torna a prevenção essencial. “Com o envelhecimento, aumentam as chances de desenvolver o câncer de próstata. Por isso, é obrigatório fazer o exame anual”, reforça o urologista.
O procedimento inclui o exame de sangue PSA e o toque retal exame rápido, indolor e fundamental para detectar alterações. “O toque demora cerca de cinco segundos. Não precisa ter medo nem vergonha. A vergonha pode custar caro”, ressalta. O Dr. Carlos Eduardo explica que o PSA é uma substância produzida pela próstata, e sua elevação pode indicar inflamação, aumento benigno ou presença de tumor. “Nem todo PSA alto é câncer, mas é um sinal de alerta que deve ser investigado com responsabilidade.
O diagnóstico precoce é o que salva vidas”, pontua. Ele reforça ainda que a prevenção não se limita à próstata: “É preciso olhar o homem como um todo. Cuidar da alimentação, praticar atividade física, fazer exames de sangue e monitorar o colesterol, a glicemia e as taxas hormonais são atitudes que reduzem o risco de várias doenças”.
Além dos fatores genéticos e da idade, hábitos de vida são determinantes na saúde masculina. Homens negros, sedentários, obesos e com histórico familiar de câncer de próstata estão entre os mais vulneráveis. Para o médico, a conscientização precisa ir além da campanha de novembro e se tornar rotina. “O homem precisa entender que cuidar da saúde não é sinal de fraqueza, mas de responsabilidade.
Presidente da Associação Paulista de Medicina destaca avanços, e engajamento nas campanhas
Para o Dr. Carlos Eduardo, as campanhas de conscientização como o Novembro Azul cumprem um papel essencial: lembrar os homens da importância de cuidar de si mesmos. “Assim como o Outubro Rosa estimula as mulheres, o Novembro Azul acende uma luz de alerta na cabeça dos homens que muitas vezes se esquecem de fazer seus exames”, afirma o médico.
Ele destaca que, nessa época do ano, o poder público e as entidades de saúde promovem mutirões e ações que ampliam o acesso a exames preventivos. Em Mogi das Cruzes e outras cidades, as iniciativas vão desde coletas de sangue até consultas com urologistas e exames de toque. “Essas campanhas ajudam quem adiou a ida ao médico.
Às vezes o homem pensa: ‘não me cuidei este ano, mas agora é o momento’. Isso já faz a diferença”, explica. “Você faltar um dia no trabalho para cuidar da saúde é melhor do que faltar meses por uma doença.” O urologista encerra a entrevista com um recado que vai além do consultório. “Quando você cuida da sua saúde, está cuidando também da sua família”, resume.
“A vergonha pode custar caro. O exame é simples, rápido e pode salvar vidas.” Dr. Carlos Eduardo

















