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Tarifaço de Trump: Brasil reage com pacote bilionário para enfrentar impacto da medida americana
Com R$ 30 bilhões em crédito e incentivos, governo Lula tenta proteger empresas e empregos após tarifa de até 50% imposta por Trump

As tarifas elevadas sobre produtos brasileiros, anunciadas pelo presidente americano Donald Trump, entram em vigor nesta quarta-feira (6/8) e já colocam Brasília em modo de emergência. Um dia antes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva apresentou um pacote de R$ 30 bilhões para socorrer empresas atingidas pelo que o Planalto chama de “tarifaço de Trump”.
A Medida Provisória, que será assinada oficialmente nesta quarta-feira (13), inclui crédito com juros reduzidos, prazos estendidos, compras governamentais para absorver produtos que perderem mercado externo e incentivo à produção nacional. Haverá também facilitação de acesso a fundos garantidores e prorrogação no pagamento de tributos federais, com exigência de manutenção dos empregos.
O pacote mira setores estratégicos como alimentos processados, aço, alumínio e máquinas industriais, atingindo mais de 1.400 empresas exportadoras, a maioria de pequeno e médio porte. Segundo o Ministério da Fazenda, a liberação dos recursos deve começar ainda em agosto. A MP, que tem validade inicial de 120 dias, precisa ser aprovada pelo Congresso.
O “tarifaço” é uma política protecionista adotada pelo governo Trump, que impõe tarifas elevadas — variando de 10% a 50% sobre uma ampla gama de produtos importados. O objetivo declarado é proteger a indústria americana, reduzir déficits comerciais e forçar maior reciprocidade nas relações comerciais. Na prática, afeta diretamente parceiros estratégicos, incluindo o Brasil, e pressiona setores como o agrícola, o manufatureiro e o industrial. Para Trump, é também uma forma de acelerar a reindustrialização dos EUA, ainda que ao custo de tensões diplomáticas e disputas comerciais.
Desde que voltou à Casa Branca em janeiro de 2025, Trump ampliou o alcance da medida, atingindo mercados já fragilizados por disputas comerciais anteriores. Para o Brasil, a nova onda tarifária atinge exportações-chave e expõe a necessidade de respostas rápidas como o pacote recém-lançado.
No entanto, o episódio reacende um debate: estamos apenas reagindo a um ataque econômico pontual ou pagando agora o preço de um cenário internacional que já vinha sendo desenhado e para o qual não nos preparamos?