Mogi das Cruzes

Prefeito de Mogi esclarece o que motivou a Santa Casa a não renovar contrato

De acordo com a diretoria da Santa Casa de Misericórdia, superlotação diária tem média de 250%

Tatiana Silva

Publicado

há 1 ano

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Prefeito de Mogi esclarece o que motivou a Santa Casa a não renovar contrato

Reprodução

Em audiência realizada na Câmara Municipal na manhã desta terça-feira (05), pela Comissão Permanente de Saúde, Zoonoses e Bem-Estar Animal, que contou com a participação da Santa Casa de Misericórdia de Mogi das Cruzes para tratar do atendimento no Pronto-Socorro (PS), a diretoria da Santa Casa disse que atua com superlotação diária de, em média, 250% no Pronto-Socorro da unidade, e que opera por meio de convênio com a Prefeitura.

Segundo a instituição filantrópica, isso tem gerado custos que não são repassados, comprometendo a qualidade dos atendimentos médicos, gerando acúmulo de pacientes nos corredores, além de causar transtornos às equipes.

“As equipes foram dimensionadas para 16 leitos. Isso inclui médicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem, limpeza, portaria. Com esse modo de trabalho, estamos estressando todos os funcionários da Santa Casa”, disse Flávio Mattos, presidente do Conselho Fiscal da instituição.
Ainda segundo ele, quase 70% dos pacientes do setor não precisariam ser atendidos no local.
“Sessenta e sete por cento dos pacientes não deveriam estar lá. São pessoas que deveriam ser atendidas nas UPAs, nas UBSs ou em outros equipamentos”, disse.

Em live realizada em suas redes sociais, o prefeito Caio Cunha (Podemos) explicou o que teria motivado a Santa Casa de Mogi das Cruzes a não renovar o contrato de prestação de serviços com a Prefeirura. Segundo ele, há um tempo, a empresa enviou um ofício para a Prefeitura dizendo não haver mais interesse na renovação do contrato. No ano passado, de acordo com Caio, uma situação parecida já havia acontecido. A empresa que recebia R$900 mil por mês e solicitou que houvesse um aumento nesse valor, que seria de R$4 milhões. Para contornar a situação, a Prefeitura estudou o caso e quanto seria o gasto real para melhorar o atendimento do pronto-socorro na cidade e propôs o valor de R$2 milhões e R$ 200 mil durante oito meses, mas, ao final do contrato, a Instituição preferiu não dar continuidade com os trabalhos.

“A Santa Casa tem alegado que está com sobrecarga no número de internações e que as demandas têm aumentado muito. De fato, a demanda aumentou, e não foi só na Santa Casa; o Hospital Luzia de Pinho Melo fechou as portas para os atendimentos e só recebe pacientes via CROSS (Central de Regulação de Oferta de Serviços de Saúde), que é o atendimento que organiza para quais hospitais os pacientes serão encaminhados. A culpa não é da Prefeitura, até porque ela continua pagando os medicamentos e o RH. Não dá para entender aonde a Santa Casa quer chegar com esse argumento. Acredito que o problema não seja financeiro, já que está sendo pago o teto salarial de R$2 millhões e R$200 mil por mês”, complementou o prefeito.

A Santa Casa argumenta que muitos pacientes que não podem ser internados no local aguardam por vagas da CROSS mais do que o limite acordado, que é de 24 horas.

“Ou seja, quem não pode ser internado na unidade deveria aguardar no máximo 24 horas no PS da Santa Casa, mas, frequentemente, esse teto é ultrapassado", justifica o presidente do Conselho Fiscal da entidade médica, Flávio Mattos.

Segundo ele, entre janeiro e junho deste ano, 1.181 pessoas ficaram no Pronto-Socorro mais do que 24 horas. “80% das solicitações feitas à CROSS pela nossa equipe não são atendidas. No semestre, solicitamos 1.309 internações à CROSS. Desse total, 1.055 não foram atendidas”, justificou o presidente do Conselho Fiscal.
Mattos disse ainda que o problema do PS da Santa Casa é consequência de “falhas globais na saúde pública regional”.

 

Estender atendimento

Flávio Mattos, presidente do Conselho Fiscal da Santa Casa, informou que a filantrópica poderá estender o atendimento público do Pronto-Socorro por 120 dias depois do término do contrato com o Município, caso isso seja necessário. “O contrato vence dia 28 de agosto, mas está claro: o contrato prevê mais 120 dias se a interrupção do contrato vier a causar prejuízos à saúde da população. Não precisa de alarde. A solução pode ser feita em seis meses. Não é algo para ser resolvido em 60 dias, no desespero”, ponderou.

Por fim, o vereador Otto Rezende (PSD) informou que novas discussões sobre o assunto serão marcadas pela Comissão Permanente de Saúde. “Vamos fazer outras reuniões. Está faltando diálogo, e a Comissão quer aproximar as partes. A Saúde é dinâmica. Precisamos de um compartilhamento maior entre todos os órgãos para que as coisas funcionem melhor”, comentou.