Mogi das Cruzes

Agressão a estudante transgênero em sala de aula em Mogi causa indignação

Absurdo. Vídeo circulou nas redes sociais e causou indignação a movimentos LGBT

Tatiana Silva

Publicado

há 2 anos

em

Agressão a estudante transgênero em sala de aula em Mogi causa indignação

Divulgação

Na manhã desta quarta-feira (9), um vídeo viralizou nas redes sociais de uma aluna transgênero sendo agredida dentro da sala de aula. A violência aconteceu na Escola Estadual Galdino Pinheiro Franco, em Brás Cubas, Mogi das Cruzes. 

Em nota, o Fórum Mogiano LGBT contou que recebeu os vídeos da violência e diversos relatos dos alunos que estavam no local no momento da agressão. Em entrevista à reportagem do O Novo pelo Instagram, um membro do Fórum explicou que procurou a aluna e está dando todo o suporte necessário. “Estivemos na casa da família, oferecemos atendimento psicológico e jurídico, colhemos os depoimentos do que ocorreu e, de fato, ela estava sendo sofrendo discriminação na Escola Galdino desde que começou a estudar no local. Ela relatou que ouvia piadas e ofensas por ser trans, até que se revoltou após ser agredida fisicamente”, disse.

Ao reagir aos insultos, a jovem foi alvo de tentativa de linchamento por vários alunos. Inclusive, nos vídeos, ela aparece tentando se escorar nas paredes e sendo protegida pelos funcionários da escola.

O fórum solicitou apoio ao Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) para entrar em contato com a direção da escola, para averiguar o acontecido envolvendo os alunos.

A equipe de reportagem também entrou em contato com a direção da Escola Estadual Galdino Pinheiro Franco, que não quis se pronunciar.

 

Revolta

Na quinta-feira (10), a vereadora Inês Paz (PSOL), representantes da Apeoesp e membros do Fórum LGBT e dos movimentos periféricos estiveram na unidade estadual, em Brás Cubas, para conversar com a direção e as coordenadoras sobre o ocorrido: “Não podemos permitir e normalizar esta agressão. Precisamos dialogar e entender para que não ocorra novamente. Isso não pode ir para debaixo do tapete”, exclamou a vereadora.

Por outro lado, a escola negou a entrada dos movimentos, inclusive da Apeoesp, que representa os professores. Já a aluna prestou depoimentos na delegacia acompanhada pelo seu advogado e a mãe.

A pedagoga e vice-presidente do Fórum LGBT, Alexandra Braga, também conversou com a reportagem e relatou o que sentiu ao saber do fato. “Quando eu soube do caso, eu senti como se eu estivesse vivenciando aquilo que eu já passei um dia. Na minha época, eu tive que me calar e precisei sair da escola”, lembrou. 

Na tarde desta sexta-feira (11), o grupo se reuniu novamente para realizar uma manifestação pacífica em frente à Diretoria de Ensino com o objetivo de conversar com a dirigente e pedir um posicionamento do Governo do Estado e soluções para que esse caso não se repita. No encontro, o grupo cobrou também que “a volta da aluna para a escola seja acompanhada e que ela possa ter segurança e liberdade de expressão”, contou Alexandra.

“Nosso movimento não está baseado somente no que essa aluna sofreu, porque sabemos que isso acontece diariamente em nossa sociedade, nosso objetivo é transformar e melhorar a qualidade de ensino em nosso país, para que essas situações não aconteçam mais dentro da escola e que os transexuais tenham o seu direito respeitado”, explicou a pedagoga.

Em suas redes sociais, o prefeito Caio Cunha escreveu uma nota de repúdio ao acontecido: “Deixo aqui o meu total repúdio à agressão ocorrida contra a aluna transgênero na Escola Estadual Galdino.” Ele também pediu rigor nas investigações e um posicionamento diante do fato.