Idealizada pelo artista guararemense Luis Bueno, de 38 anos, a obra é baseada em uma fotografia de 1977 em que dois ícones do esporte mundial, Pelé, o Rei do Futebol, e Muhammad Ali, conhecido como o maior lutador de boxe da história, se encontram em um abraço e um beijo. Bueno conta que começou a fazer arte na rua quando estava fazendo mestrado em artes visuais. O artista também é professor do Instituto Europeo di Design, em São Paulo (IED-SP), e designer gráfico. "Fiz alguns trabalhos em graffiti e passei a trabalhar com a técnica de lambe-lambe. Fiz a série do Pelé em 2010 e foi um dos meus primeiros trabalhos nesta linguagem", explica. Paredes, tapumes e postes de Santos, São Paulo, Rio de Janeiro, Belém e até Santiago, no Chile, e Londres, na Inglaterra, têm pelo menos uma coisa em comum: O Pelé Beijoqueiro. Ele já foi visto "agarrando" com David Bowie, Ringo Starr, Bob Marley, Mona Lisa, Amy Winehouse, C3PO, Salvador Dalí e outros mais.
Como foi nascer e crescer em Guararema?
"Creio que viver em Guararema foi um privilégio, o que fica mais evidente quando se considera a realidade de um país como o Brasil, assolado por problemas de todos os tipos. Guararema, em especial na época em que vivi aí (anos 80 e 90), era um lugar muito agradável, seguro, com oferta de educação e saúde públicas, onde as pessoas se conheciam e havia um senso de comunidade. Tenho muito carinho por estes tempos."
Você acha que a cidade pode ter te influenciado?
“Certamente. O que se vive na infância e adolescência fica marcado para o resto da vida. No meu caso, penso que uma das coisas que a vida na cidade me influenciou foi o gosto pelo espaço público, pelas ruas. Eu caminhava muito pela cidade, andava de bicicleta, encontrava os amigos na praça para conversar. Tudo isto criou em mim uma ligação com os espaços externos – que é uma das coisas essenciais na arte urbana."
Quais são suas inspirações para desenvolver suas artes?
"Tudo pode ser motivo de inspiração: uma notícia, uma imagem, um acontecimento, um texto, uma música... são muitos os caminhos possíveis para a criação.”
Como surgiu o Pelé Beijoqueiro?
“Por volta de 2007, eu me apropriei de uma ilustração antiga do Pelé, de autoria desconhecida, que achei num livro. Fiz algumas modificações e levei para os muros. Dois anos depois, uma amiga que conhecia este trabalho, achou uma foto do Pelé beijando o Muhammad Ali e a enviou para mim. Era uma imagem do jogo de despedida do Pelé no New York Cosmos, onde ele jogou depois que saiu do Santos. Na hora que vi a foto, percebi que eu poderia recortar digitalmente o Pelé e colocar quem eu quisesse na cena. Comecei com a Mona Lisa e não parei mais.”
Pretende pintar algum em Guararema?
“Na realidade, não é exatamente pintado, é impresso em papel e colado, uma técnica que costuma se chamar de lambe-lambe. Em algumas peças, geralmente nas que tem alguma cor, eu pinto por cima da impressão, mas a base é sempre impressa em papel.
Eu já colei alguns em Guararema, em paredes e tapumes que já foram derrubados. Atualmente tem um na academia do meu irmão, a Acqua Boya. E no final de semana da Páscoa estive aí e colei um pequeno, de cerca de 90 cm, perto do trevo da Freguesia. Espero voltar a colar mais.”
Por quê arte de rua?
“Tenho uma paixão pela arte de rua. A arte tradicional, de moldura, não tem contato com o público. Temos ótimos museus em São Paulo, mas proporcionalmente são poucas pessoas que os frequentam. Isso para não falar em galerias. A arte urbana tem a capacidade de confrontar, de provocar, de atingir o público."
HOBBY: Plantas.
um amor: Arte.
momento inesquecível: São muitos momentos.
Um Lugar? São Paulo.
Uma inspiração? Marcel Duchamp.
Uma música? 9ª. Sinfonia de Beethoven.
o que te define? Não creio que pessoas possam ser definidas.
não vive sem? Café.