Mogi das Cruzes
Equipe do SAMU é demitida após morte de motociclista Manoel Ferreira, em Mogi das Cruzes; advogado e viúva forçam participação em reunião da Comissão
Comissão da Câmara se reuniu nesta quarta (21) e confirmou a demissão do condutor, técnica de enfermagem e médico regulador; advogado e esposa da vítima dizem que não foram convidados e precisaram forçar entrada na reunião. Caso segue sob investigaçã

A Comissão Permanente de Saúde, Bem-Estar Animal e Zoonoses da Câmara Municipal de Mogi das Cruzes confirmou, em coletiva de imprensa realizada nesta quarta-feira (21), a demissão dos três profissionais do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) que prestaram atendimento ao motociclista Manoel Ferreira, de 33 anos. Ele morreu horas após sofrer um acidente de trânsito em Braz Cubas, no último dia 10 de maio.
A decisão foi anunciada após reunião fechada da Comissão com o presidente do Consórcio Regional do SAMU (Cresamu) e representante do Instituto Nacional de Tecnologia e Saúde (INTS), Reinaldo de Almeida do Nascimento. Participaram da reunião os vereadores Otto Rezende (PSD), presidente da Comissão, Priscila Yamagami (PL) e Rodrigo Romão (PDT).
Durante a coletiva, o vereador Rodrigo Romão destacou que houve erro de protocolo no atendimento, identificado tanto pelo SAMU quanto pelo INTS. Segundo ele, a ocorrência apresentou uma série de falhas desde o momento da designação da viatura. Conforme explicou Romão, foi enviada uma unidade básica de atendimento, quando, na realidade, o protocolo determina o envio de uma unidade avançada, considerando que se tratava de um caso de trauma. Ele ainda apontou outras falhas ao longo do atendimento.
O que está sendo investigado
O caso ganhou repercussão porque, segundo as investigações, o atendimento foi iniciado no local do acidente, a vítima foi colocada dentro da ambulância, mas, ao invés de ser encaminhada para o hospital, Manoel foi deixado em outro ponto, cerca de 3 quilômetros de distância do local inicial. Mais tarde, no segundo chamado ao SAMU, ele foi encontrado já sem vida neste outro endereço.
O que está sendo investigado é justamente o motivo pelo qual a vítima foi retirada da ambulância e deixada neste outro local, sem ser conduzida ao hospital, como determina o protocolo em casos de trauma.
Os vídeos que circulam nas redes sociais são referentes ao primeiro atendimento, realizado logo após Manoel colidir com sua motocicleta contra um caminhão guincho. O morador do local acionou o atendimento médico e registrou imagens que mostram, supostamente, a equipe médica induzindo Manoel a não querer o atendimento. A equipe alegou que ele recusou o socorro, mas as imagens sugerem que houve indução para essa decisão.
Posteriormente, Manoel foi transportado e deixado em outro local e, horas depois, encontrado morto, sem que tivesse sido levado ao hospital, conforme determinam as normas.
O advogado da família Dr. José Roberto, alega que existe um vídeo que comprovaria que a equipe do SAMU retirou Manoel de dentro da ambulância nesse outro endereço, mas afirma que não teve acesso ao material, que está sob posse exclusiva da Polícia Civil.
A Polícia Militar, que também participou do atendimento, estão sendo investigados no caso.
Participação forçada da família
O advogado da família e a esposa da vítima, Nicole Santos Paião, de 28 anos, afirmaram que não foram convidados a participar da reunião com a Comissão e que só conseguiram acessar o local de forma forçada. “Desde o ocorrido, não fui procurado nem pela Comissão de vereadores, nem por representantes da empresa”, relatou o advogado. Ele classificou como grave a falta de diálogo institucional com a família.
Após a reunião fechada, a Comissão recebeu a imprensa para esclarecimentos e, posteriormente, o advogado e a viúva também falaram com os jornalistas.
Emocionada, Nicole Santos Paião declarou: “Eu busco por justiça. Quero que todos os envolvidos sejam presos.”
Imprensa impedida de acompanhar a reunião
A imprensa foi convidada previamente para a cobertura da pauta, mas, ao chegar ao local agendado para a reunião, foi informada que o encontro seria fechado, impedindo o acompanhamento direto das discussões internas da Comissão. A imprensa só pôde ouvir a Comissão posteriormente, na coletiva oficial, e, em seguida, o advogado e a viúva da vítima.
A Comissão informou que continuará acompanhando o caso e buscará garantir que todas as responsabilidades sejam apuradas.