por Larissa Martins

A tragédia das Fake News no jornalismo

Larissa Martins

Publicado

há 5 anos

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A tragédia das Fake News no jornalismo

O histórico da imprensa não é dos melhores. Quando se estuda algumas das teorias do jornalismo e outras questões como diagramação de jornais e elaboração de títulos de matérias, a imagem de um jornalismo imparcial, isento de opinião própria, que pauta os assuntos da sociedade de forma a servir o cidadão, já é desfigurada.
A combustão acelera quando tratamos da inserção da internet no cotidiano do cidadão, que dá voz a uma população que tem o poder de disseminar o que pensa em instantes. Tudo isso em conjunto com as fake news multiplicadas com maior intensidade no período eleitoral, o jornalismo se apagou como a luz mestra que informa a realidade.
Um fato interessante que aconteceu em 2004 nos Estados Unidos foi a dissipação do boato, a princípio por Andy Martin, candidato republicano na época, que Barack Obama era um muçulmano que havia ocultado sua religião. Sem comprovação, jornalistas não repercutiram. Mas, vários blogs sim. Após o boato ganhar força, Obama foi a público, negou os fatos e expôs que é cristão. Mesmo assim, uma pesquisa realizada em 2007 pela NBC/Wall Street Journal, apontou que 8% dos americanos continuavam acreditando que Obama era um muçulmano, percentual que subiu para 13% ainda no mesmo ano.
Estamos agora vivenciando o período eleitoral que vai levar ao poder, dentre os tantos cargos, o Presidente da República. E o que não faltam são as notícias falsas correndo de “vento em polpa” nas mídias sociais. 
No Brasil, hoje, existem 127 milhões de usuários no facebook, sendo que nesta mídia há possibilidade de denunciar os posts fakes, que após avaliação, o facebook pode ou não tirar do ar. Porém, no WhatsApp, que contém 120 milhões de usuários, não há controle algum do que circula, sendo que o alcance do que é verdadeiro ou não, ganha proporções cada vez maiores e imensuráveis.
Outra questão a se considerar é a da confiança que as pessoas depositam no seu estimado círculo de amizade. Estudiosos afirmam que tendemos a baixar a guarda quando lemos notícias on-line derivadas de fonte de amigos. Deste modo, as mídias sociais são um terreno fértil para que as notícias falsas sejam consumidas.
Na era da pós-verdade, o jornalismo precisa se mostrar cada vez mais apto a informar os cidadãos com qualidade e atualidade para reconquistar a sua confiança. Mas também irá precisar de maturidade do cidadão para distinguir a verdade da mentira, e, quando identificar a mentira denunciá-la; além de, avaliar a influência de suas crenças de forma que não se sobressaia frente a verdades que as confrontem.

Larissa Martins é repórter no Jornal O Novo.