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Com medo da guerra, brasileiros que vivem na Ucrânia pedem ajuda para voltar para casa

Exército russo iniciou bombardeios na noite de quarta-feira (23), na capital Kiev, maior cidade do país, dando lugar ao medo e ao terror. População teme que a guerra se espalhe pela Europa

Fabrício Mello

Publicado

há 2 anos

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Com medo da guerra, brasileiros que vivem na Ucrânia pedem ajuda para voltar para casa

Arquivo pessoal

Na quinta-feira (24), o exército russo anunciou oficialmente o início do bombardeio em territórios da Ucrânia. Desde o anúncio da invasão e dos ataques em todas as frentes militares, junto da população ucraniana, a comunidade brasileira, composta por cerca de 500 pessoas, tenta deixar o território em segurança e voltar para sua terra natal.

Ainda na manhã de quinta-feira (24), um áudio do pastor Wellington Ribeiro, presidente da Assembleia de Deus Comunhão e Adoração, pedia orações pelo jogador Guilherme, que é membro da igreja evangélica na Vila Joia, em Mogi.  

Nascido em Roraima, o jogador veio para Mogi das Cruzes e morou aqui por três anos e meio, quando se mudou para a Ucrânia para seguir a carreira de jogador profissional. Entretanto, a caminho de completar o terceiro mês no país, o confronto começou. 

Segundo o pastor, que falou com o jogador por vídeo, Guilherme e outros atletas estão em um hotel em Kiev, capital da Ucrânia, à espera de ajuda das autoridades. “Estamos passando por um momento muito difícil. Eu peço ajuda das autoridades brasileiras e do povo brasileiro. A única coisa que a gente quer é voltar para casa”, desabafou o jogador de futebol Guilherme de Souza Nascimento, em um vídeo no Instagram. 

A Embaixada do Brasil na Ucrânia anunciou na sexta-feira (25) que brasileiros e outros cidadãos latino-americanos poderão deixar Kiev por meio de um trem que partirá às 22h da estação central da capital, com destino à cidade de Chernivtsi, no oeste do país. Entretanto, o órgão afirma que não poderá prestar ajuda para o trajeto até a fronteira com a Romênia. E que não tem como garantir a partida ou lugares suficientes.

A preocupação se espalha à medida que o conflito se intensifica. Por intermédio da amiga Priscila Santos, de Poá, a brasileira Yarlla, que está na Grécia, conversou com a reportagem do O Novo na tarde desta sexta-feira (25) e relatou o medo e apreensão com o confronto. “Se essa guerra se espalhar para dentro da Europa, todos nós temos que sair daqui”, disse ela, em um áudio pelo WhatsApp.

Ainda segundo ela, a própria Embaixada do Brasil na Grécia recomendou muita atenção e cautela quanto ao conflito, pois a qualquer momento pode ser necessário deixar o país. “Se a guerra passa para dentro da Europa, tememos que a Rússia corte o fornecimento de gás natural aqui”, teme Yarlla, que admite voltar ao Brasil.   

No pronunciamento realizado por Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia, na noite de quinta-feira (24), 137 pessoas morreram no conflito e 316 ficaram feridas após os ataques russos. Segundo relatos do prefeito de Kiev, Vitali Klitschko, barulhos de explosões são ouvidos na capital, onde foram introduzidos toque de recolher. A Ucrânia também segue sob lei Marcial, que impede homens de 18 a 60 anos, naturalizados ou não, de deixarem o país. 

Enquanto isso, ao redor do mundo, diversos líderes se posicionaram contra o derramamento de sangue e pediram pelo fim da guerra, muitos declarando apoio e solidariedade aos ucranianos. Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, prometeu sanções econômicas drásticas contra a Rússia e disse que “Putin pagará o preço pela guerra”.