por Larissa Martins

Importante pensar na Cons(ciência) Negra

Larissa Martins

Publicado

há 5 anos

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Importante pensar na Cons(ciência) Negra

Celebrado no dia 20 de novembro, o Dia da Consciência Negra é instituído pela Lei nº 12.519. A data foi escolhida em memória ao dia da morte de Zumbi, do Quilombo dos Palmares, símbolo de luta e resistência contra a opressão de negras e negros escravizados.
Na cidade de Salvador – Bahia, considerada a cidade mais negra fora da África, vale dizer – a data não é registrada como feriado, apesar de ter sido instituída. Essa é, inclusive, a escolha de muitas lideranças do próprio movimento negro da capital baiana.
Mas por que essa "rejeição"? Além do fato da cidade já ter a quantidade limite de feriados municipais, outra questão por trás da decisão é que 20 de novembro passa a ter um significado festivo, sendo que sua criação foi uma resistência ao Dia da Abolição da Escravatura, 13 de maio, e não de fato uma comemoração, tal como é considerado um feriado.
O movimento negro no Brasil e no mundo têm encontrado faces múltiplas, segundo o pesquisador e autor de Sci-fi & fantasia afroamericana, Ale Santos. Porém, ele diz que todas elas têm um único direcionamento: a luta contra o racismo e em favor da população negra por meio da reparação histórica e de políticas afirmativas.
O que ainda causa desconforto e críticas por uma parcela da sociedade que reluta em dar voz para a população negra.
Sendo assim, o Dia da Consciência Negra é uma data para lembrar a resistência dos cativos à escravidão e refletir sobre “antigos” estereótipos como a “mulata sensual”, o “bandido” ou o “negro malandro” que infelizmente sabemos que ainda se faz presente no cotidiano da sociedade.
O Atlas da Violência 2017 apontou que a cada 100 pessoas mortas no Brasil, 71 são negras; números que deixam clara a existência de genocídio da população negra.
Diante dessas questões é urgente defender a Consciência Negra, pois a falta de compreensão histórica, aliada a mentalidade colonizadora, permite o menosprezo pelas exigências dos negros no país. 
 

Larissa Martins é repórter no Jornal O Novo.