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Tarifaço e Mosca‑da‑Bicheira; conheça os vilões no aumento do preço da carne nos Estados Unidos

Segundo maior consumidor de carne bovina do mundo, EUA enfrentam pressão nos preços com tarifas elevadas e risco de praga no rebanho

Pedro Henrique

Publicado

há 2 horas

em

Tarifaço e Mosca‑da‑Bicheira; conheça os vilões no aumento do preço da carne nos Estados Unidos

APNam/ Y. Huh

Os preços da carne bovina nos Estados Unidos vêm batendo recordes em meio a uma série de pressões simultâneas. Em junho de 2025, o preço médio de 450 gramas de carne moída chegou a US$ 6,12, um aumento de quase 12% em relação ao ano anterior. O mercado enfrenta não apenas o impacto de tarifas elevadas sobre produtos brasileiros, mas também da diminuição histórica no tamanho do rebanho americano e o risco sanitário representado pela mosca‑da‑bicheira.

O rebanho bovino dos EUA atingiu seu menor nível em 74 anos. Em 1º de janeiro de 2025, o país contava com 86,7 milhões de cabeças, uma queda de 8% em relação ao pico recente de 2019 . A redução em disponibilidade de gado intensificou os custos, especialmente depois de uma seca prolongada que elevou os gastos com alimentação animal, o que levou muitos pecuaristas a abaterem fêmeas, afetando a reposição futura do rebanho.

A situação ganha uma camada extra de complexidade com a ameaça sanitária representada pela mosca‑da‑bicheira (New World screwworm), cujas larvas se alimentam da carne viva de animais. Após novas detecções da praga no sul do México, os Estados Unidos suspenderam as importações de gado do país vizinho e investiram em medidas de contenção, como a construção de uma fábrica no Texas para produzir moscas estéreis — até 300 milhões por semana — e novas estratégias de vigilância sanitária na fronteira.

Além desses fatores internos, a guerra comercial com o Brasil também tem colocado pressão sobre os preços. Em abril de 2025, o presidente Lula sancionou a Lei da Reciprocidade Econômica (Lei n.º 15.122), que autoriza o governo a adotar contramedidas contra países que impõem barreiras unilaterais ao Brasil, como tarifas excessivas. Essa medida surgiu como resposta às sobretaxas de até 25% aplicadas pelos EUA sobre produtos como aço, alumínio e carne. Como resultado, cortes de carne magra, importados do Brasil e usados atualmente para compor produtos industrializados nos EUA, ficaram mais caros, pressionando ainda mais os preços internos.

Em síntese, os consumidores americanos enfrentam uma combinação de três "vilões": o tarifaço, a mosca‑da‑bicheira e o rebanho reduzido. A confluência desses fatores torna a carne ainda mais cara, enquanto o país mobiliza esforços sanitários, diplomáticos e econômicos para tentar frear essa escalada.

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