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Moraes afirma que não vai cair sozinho, mas críticos apontam dilemas e contradições na sua postura
Ministro do STF faz declaração enfática sobre sua permanência, enquanto especialistas questionam sua credibilidade e acusam postura autoritária

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes voltou a afirmar que não pretende enfrentar sozinho as consequências das investigações e tensões políticas que o envolvem. Em discurso recente, Moraes deixou claro que busca solidariedade entre seus aliados e ressaltou que as decisões do tribunal estão fundamentadas no colegiado.
No entanto, a fala enfática do magistrado é alvo de críticas severas, sobretudo por parte do jornalista Silvio Navarro, que vê sinais de um dilema profundo na postura de Moraes. "O semblante do ministro e a forma como ele fala mostram que ele pode estar diante de um dilema complicado para uma personalidade narcisista como a dele", analisa Navarro. Segundo o jornalista, a insistência na ideia de colegiado seria uma tentativa de Moraes “não morrer afogado sozinho”, buscando apoio em aliados próximos como Cristiano Zanin, Flávio Dino, Cármen Lúcia e Gilmar Mendes.
Navarro destaca ainda que a narrativa do ministro já perdeu força junto à opinião pública. "Nada mais sobrevive se você perguntar nas ruas se o Brasil viveu uma ameaça de golpe; todo mundo vai dizer que não. Todo mundo já sabe o que aconteceu", afirma. A crítica vai além do plano político e se aprofunda na dimensão humana do ministro: "É muito difícil tentar humanizar a figura de Alexandre de Moraes, porque ele é desprovido de sentimentos como compaixão, perdão, misericórdia", diz o jornalista, citando episódios que teriam marcado a gestão do magistrado, como a prisão de figuras políticas e denúncias de maus-tratos a detentos.
Para Navarro, Moraes representa um perfil autoritário que sacrifica a justiça em nome do poder: "Uma pessoa que tortura, que tem presos particulares, que trancafiou mães afastadas dos filhos, não pode exigir compaixão." A declaração critica ainda a contradição do ministro ao pedir compreensão enquanto se mantém firme na repressão.
A fala de Moraes, portanto, não só reafirma sua permanência no cenário político-jurídico como também reacende um debate controverso sobre os limites do poder e o papel do STF diante das pressões políticas e sociais do país.